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Na cadência das toadas de 2006

17/05/2006, Júlio Cesar Farias

Após a contínua audição dos CDs de Caprichoso e Garantido para o XLI Festival, já é possível visualizar na imaginação o grandioso espetáculo que será mostrado pelos Bumbás na arena do Bumbódromo. Tais imagens que suscitam as letras das toadas só aumentam nossa expectativa de novamente estarmos em Parintins cantando e dançando a gostosa e ritmada música dos Bois.

De imediato, o que se pode notar nas gravações é que as músicas estão mais cadenciadas, bastante comprometidas com o bailado básico típico dois-pra-lá, dois-pra-cá. Com isso, percebemos que há uma louvável tentativa de resgatar a musicalidade do passado áureo dos Bois, com o intuito de defender a necessária tradição do folguedo junino, que teve a data da festa transferida para o último final de semana do mês de junho e, recentemente, passou pela transição política de dirigentes. As faixas realçam, inclusive, o tambor e as palminhas, os instrumentos característicos dos primórdios dos Bois. Mesmo que saibamos que toadas de anos anteriores possam ser cantadas na arena durante o Festival, infelizmente, neste ano, uma das tradições musicais do folguedo se perdeu: não foi composta nenhuma toada de desafio nas canções dos Bois!

Os álbuns acentuam principalmente os hábitos, os costumes, as tradições, as lendas e a musicalidade indígenas, numa bela exaltação aos povos da floresta. E ainda ressaltam, com muita propriedade, a linguagem regional, os aspectos geográficos, a fauna e a flora da Amazônia. Além disso, em ano de Copa do Mundo, há toadas providenciais exaltando o país. Resta-nos torcer para que elas consigam reviver a emoção dos jogos, seja qual for o resultado que o Brasil tiver na competição.

Convém destacar nos CDs algumas toadas, como Tradição Folclórica da Amazônia e Povo de Fibra, que resgatam a história do Garantido e dos habitantes da Ilha Tupinambarana, como fez o Caprichoso no ano passado com Boi de Santo e Festa de São João, As Benzedeiras da Amazônia, Caboclo Ceramista, O Regatão e Filhos das Águas, que mostram as Figuras Típicas Regionais; Coração de Torcedor e Torcedor Apaixonado, feitas de encomenda para o item Galera; Diva Morena e Mulher Guerreira, direcionadas aos itens femininos Rainha do Folclore e Cunhã-Poranga, respectivamente; Senhora Vazante, que trata do período de estiagem e da baixa das águas dos rios, que trouxe muitos transtornos para a população ribeirinha, há pouco tempo, na região amazônica; A Grande Maloca e Amazônia Livre, que retratam aspectos da natureza e denunciam sua destruição, incutindo a necessária consciência ambiental nos participantes da festa bovina.

Temos a consolidação da habilidade com o canto amazônida dos compositores Geandro Pantoja e Demetrios Haidos, Rozinaldo Carneiro, Inaldo Medeiros, César Moraes e Marcos Lima, no Garantido; o sexteto Mailzon Mendes, Alceo Anselmo, Neil Armstrong, Hugo Levy, Silvio Camaleão e Ademar Azevedo e a estréia partidária de Tadeu Garcia, no Caprichoso. Este ano marca ainda a volta da poesia cabocla de Chico da Silva, apesar de sentirmos falta também das composições poéticas de Carlos Paulain, Bené Siqueira, Braulino Lima, Raimundinho Dutra, Paulo Silva, Joel Gama, Tony Medeiros e Emerson Maia, dentre tantos outros.

Mesmo assim, o importante é que as toadas continuam sendo verdadeiras odes à cultura amazonense, à natureza e à proteção ambiental da Amazônia, elaboradas por dezenas de talentosos compositores para conduzir as apresentações dos Bois de arena Caprichoso e Garantido.