Parceiros:

» Criação de Sites

» Criação de Sites em Manaus

» Site Manaus





Siga ParintinsCom no Twitter

Brincar de boi como Mãe Catirina

22/05/2006, Ag/Nativa Comunicações

Já não se faz Catirina como antigamente. Principais personagens do auto do boi, Pai Francisco e Mãe Catirina são hoje meros coadjuvantes. Em 2001, chegou a se discutir a exclusão dos protagonistas da brincadeira milenar de boi-bumbá, pela baixa pontuação recebida dos jurados, mas o bom senso decidiu pela permanência da dupla, mas sem pontuação, apenas como personagens que na maioria das vezes passam despercebidos.

Já não há espaço para contar a história na sua versão original, que leva no mínimo trinta minutos, o que poderia inviabilizar a apresentação de um boi na arena do Bumbódromo. Nas últimas décadas, Parintins encontrou no espetáculo, a fórmula de recriar e transmitir ao mundo, a cultura, lendas, mitos, a vida do caboclo, flora e fauna, os índios, rituais e a importância da vida cultural no sentido amazônico.

Os próprios artistas afirmam que é difícil montar um espetáculo do auto do boi, mesmo mostrando apenas uma síntese. O Caprichoso já levou para a arena o auto do boi, mas não obteve sucesso, recebeu críticas porque a encenação tomou muito tempo e o boi acabou perdendo o Festival

Como se vai contar a história do boi se os dois principais personagens do enredo não estão inseridos???, questiona o médico Aldrin Verçosa hoje com 35. Ele começou como Pai Francisco aos 17 anos e hoje defende que é preciso valorizar mais os personagens, apesar dos bumbás discutirem a perda de pontos com a evolução do item.

Verçosa conta com empolgação que sua estréia na arena foi justamente no ano de inauguração do Bumbódromo, em 1988, quando ele era envolvido com teatro. Na época existia uma grande barreira no Caprichoso, porque a Catirina Gaguita era imbatível, mas nós superamos a expectativa, fazíamos sair macaco de dentro de tucumã, lembra. Uma das passagens mais emocionantes para a dupla foi no ano de 1989, quando faltou sapato para a Catirina Lauro Sabá. O Lauro era eclético e quebrava todos os saltos. Nesse ano, ele resolveu entrar de patins e sombrinha na arena. Foi uma sensação e a primeira vez que eu vi as 40 mil pessoas, tanto da galera do Caprichoso como do Garantido, gargalharem exaustivamente.risos.

"Hoje não conta ponto e o pessoal não se esforça. Lembro que uma vez o Simão Assayag mandou fazer uma pingarda de madeira e o Evaldo quebrou batendo em mim. Foi muito legal, mas eu vejo que as pessoas precisam acabar com a idéia de que Pai Francisco e Catirina é aquela coisa cômica, só pra fazer graça, diz.

O auto do Boi

O auto do boi é teatro na sua mais pura essência. O enredo conta passagens que retratam a chegada do boi para brincar ao redor das fogueiras, a dança, o desejo de Mãe Catirina em comer a língua, a morte do boi, a perseguição ao Pai Francisco, até a chegada do pajé ou padre para a ressurreição do boi. São momentos interessantes da arte dramática, do teatro com versos originais que os bumbás poderiam considerar como um resgate à cultura.

O artista Ray Santos vem pesquisando o auto do boi há alguns anos, na tentativa de resgatar a origem do boi-bumbá. Na sua opinião, os personagens Pai Francisco e Mãe Catirina são tão importantes como é o item Cunhã-Poranga ou Pajé. Ele pensa que, se algum dia, voltar a ter disputa neste item, os bumbás voltarão a usar a criatividade para apresentar da melhor maneira possível o auto do boi.