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Democracia é isso aí

18/05/2006, Flávio de Oliveira, de Brasília-DF, é colaborador deste site

O curral Zeca Xibelão é um espaço verdadeiramente democrático. Prova disso é a presença de manifestantes panfletando durante a festa que comemorou o retorno de Arlindo Jr., propondo o afastamento dele do posto de levantador oficial de toadas do bumbá Caprichoso. O lado azul da Ilha Tupinambarana incendiou-se então de faixas com dizeres que alternam amor e ódio passionais pelo Pop da Selva.

Alguns torcedores não mais desejam Arlindo como um dos expoentes da força azul. Atribuem ao artista a responsabilidade por seguidas derrotas do Caprichoso. Discordo frontalmente disso. Ora, se o Caprichoso perdeu em 2004, todos perderam, não somente Arlindo Jr, que defendeu o item Apresentador naquela oportunidade.

Falam também de 2005, tudo bem, mas a culpa do revés não cabe a Arlindo Jr., pois sua pontuação como Levantador foi excelente. Naquele Festival, nosso boi verdadeiramente não esteve à altura de seus melhores momentos. Devemos reconhecer que ninguém perde sozinho, e ninguém ganha sozinho. Se o Caprichoso ganhar em 2006, por acaso o triunfo será exclusivamente de Arlindo? Evidentemente, não.

Estive no bumbódromo em 2005 e prestei atenção aos detalhes. Em minha opinião, Arlindo Jr. foi superior a seu oponente em vários momentos. Não é hora de discutir os critérios dos jurados, apenas quero dizer que a supremacia de Davi Assayag, nos últimos Festivais, tem-se amparado grandemente na mística pessoal e no handicap. A interpretação segura, o ritmo alto astral, a afinação e a harmonia do canto de Arlindo, equiparam-no ao desempenho do notável levantador contrário. De maneira que, a meu ver, o nível de Arlindo dificilmente poderia ser atingido pelo substituto proposto por seus desafetos, mesmo em se tratando do talentoso cantor Prince do Boi.

No Festival 2006, como torcedor azul, minha preocupação não recai no item Levantador de Toadas, e sim nos itens femininos. Precisaremos agregar grande carregamento de inspiração, disciplina e força-de-vontade aos itens Cunhã-Poranga, Rainha do Folclore, Porta-Estandarte e Sinhazinha da Fazenda.

Fico na expectativa de que as meninas consigam fazer grandes apresentações inspirando-se na elegância do gesto, na sutileza do bailado e na altivez original parintintin, predicados que abundam nas apresentações de Adriane Viana. De uma janela debruçada sobre a Esplanada e recoberta de um azul 100%, mando forte abraço para a eterna Sinhazinha do Caprichoso.

Voltando ao caso do Arlindo, vejo que felizmente a massa não quer nem saber, segue curtindo o Pop de montão, no convencimento que o coração dele é azul marinho. A nação azul inteira sabe que Arlindo, nem passando necessidade, trabalharia na Baixa de São José um dia sequer, por dinheiro nenhum desse mundo.

No Festival 2006, faço fé que Arlindo Jr., juntamente com a Marujada de Guerra, Junior Paulain, Edílson Santana, Marquinhos, Valdir Santana – esse monstro sagrado do folclore amazônico – as Tribos, os Tuchauas, a Vaqueirada, enfim, o conjunto por inteiro de todos os brincantes, brindará milhares de aficionados com uma performance inesquecível.

No momento, o Levantador de Toadas do Caprichoso está convalescendo de problemas oftalmológicos, mas, ao chegar sua vez, esperamos que ele adentre o solo sagrado da arena, por assim dizer, com a faca nos dentes, disposto a lutar sem trégua pela consagração do azul.