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As cores azul e vermelho demarcam os territórios da Garantido e Caprichoso, mas este ano falta tinta para manter a tradição.

Parintins, Am- Quem chega a Parintins a 325 quilômetros de Manaus , mesmo que desavisado, percebe notoriamente que a cidade divide-se ao meio. O território dos bois tem como marco a praça da Catedral, da padroeira Nossa Senhora do Carmo, no Centro. Para o lado de cima, onde fica situado o bairro do São José, as casas e bandeiras hasteadas até em árvores, na cor vermelha, indicam que o visitante está no reduto do Garantido.

A parte de baixo, nos bairros Francesa e Palmares, as decorações em azul anunciam on setor do Caprichoso. O costume dos moradores, de marcar a região, comandada pelos quartéis generais QGs dos grupos folclóricos, está sendo questionada pelos torcedores que cobram do Poder Público incentivo a essa tradição.

A dona de casa Iomar alves Simas,56, moradora da rua Cordovil, no Centro, critica as autoridades que deixaram e estimular a população a pintar as residências e a decorar as ruas. Faz muito tempo que nunca mais deram tinta para a gente pintar as casas. Eu já pinto por conta própria e eu estou precisando muito este ano. Iomar é torcedora do boi Caprichoso. Eu e mais 30 parentes somos do azul. Muitos deles estão trabalhando no bar do boi, em Manaus , acrescenta.

Ana Cândida Reis,69, também dona de casa, mora na rua Armando Prado, no São Benedito. A fachada da residência já avisa que ela é da galera do Garantido. Sou demais , completa. Dona Cândida engrossa o apelo da população. As autoridades deveriam se movimentar mais. Se nos ajudarem com as pinturas das casas e colocando os enfeites a cidade fica mais bonita, diz a moradora.

Há cerca de cinco anos o Governo do Estado desenvolveu uma campanha em Parintins revitalizando prédios históricos e incentivou a pintura das moradias e praças. O respeito ao território dos bumbás motivou a Telemar a instalar no lado do Garantido, os orelhões na cor vermelha, e a multinacional Coca-Cola, a usar na logomarca oficial há mais de 11 anos, o azul do Caprichoso. Eu pinto a minha casa de azul desde que nasci. O meu pai, não deixava pintar da outra cor. Mas nem sempre a gente tem dinheiro. Bem que eles poderiam nos ajudar . arrematou Maria Filomena Lopes,77, que mora bem em frente ao local onde funcionou por mais 20 anos o curral do Touro Negro, na rua Cordovil.

Eu lembro que as praças eram pintadas nas cores dos bois. Todo mundo já sabia que esse lado era do Garantido. Quando chegava esse nesse mês, a gente preparava as fitas para enfeitar às ruas . Cada morador colaborava. Agora tudo ficou mais difícil e o dinheiro mais escasso, recorda o pedreiro João Victor Bruce,49, que reside a rua Nações Unidas, no Centro.