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Os anônimos dos movimentos

14/05/2006, Ag/Nativa Comunicações

Parintins AM - O Festival Folclórico de Parintins encanta pelos recursos visuais de rara beleza plástica. As alegorias são dotadas de modulações e movimentos ricos em criatividade que deixam longe os carros alegóricos do Rio de Janeiro. E esse mundo mágico é produzido por muitas mãos, algumas escondidas em meio ao amaranhado de ferragens nos galpões dos bois.

Os principais artistas já ganharam a mídia, mas os operários da arte, aqueles que botam a mão na massa, só agora começam a sair do anonimato. Eles estão mergulhados no trabalho de criação, colocando em prática o que foi elaborado no projeto de cada boi. A revolução de idéias que começa no Conselho de Artes do Caprichoso e Comissão de Artes do Garantido é materializada por esses caboclos que dominam a técnica de transformar ferro em criaturas com os mais perfeitos movimentos.

Quem assistiu o carnaval carioca do Rio de Janeiro e viu a surpreendente imagem de Simon Bolívar na alegoria da escola campeã, Vila Isabel, não imaginou que ali tinha mão de parintinense.

A alegoria foi assinada pela equipe do artista Rossy Amoedo, com a maestria dos movimentos produzidos por Louraço, como é conhecido Ivaldo Sarmento de Souza, um caboclo de 30 anos que está entre os principais especialistas dos movimentos dos módulos do Festival Folclórico. Há onze anos trabalhando nos galpões, em 2006, ele trocou o Garantido pelo Caprichoso prometendo satisfazer os mais exigentes torcedores.

Este é um mundo mágico, coisa de Parintins, a gente aprende fazendo, quando percebe já está construindo coisas magníficas, todo mundo se admira no Brasil, no mundo inteiro, diz ele, transbordando humildade.

O artista explica que para o movimento sair perfeito, é necessário muita paciência. É complicado, não é qualquer pessoa que faz, os próprios engenheiros do Rio de Janeiro ficam admirados, não temos curso de nada e isso requer muita engenharia e técnica. Mas eu acho que é nato, é dom do parintinense mesmo.

Segundo ele, a participação na escola de samba Vila Isabel lhe rendeu um convite para fazer uma apresentação especial na Venezuela, para o presidente Hugo Chavez. Ele ficou impressionado com o boneco do Simon Bolívar, que tinha 13 metros de altura ficava em pé na avenida. Infelizmente não pude aceitar o convite, preferi ficar para o Festival, voltar pra nossa terrinha, contou.

Outra fera dos movimentos é Ferdinando Guimarães, o Carivardo, 40, tímido quando abordado sobre suas obras, que não são poucas. No Caprichoso, é ele quem presta assessoria a todos os artistas. Mecânico de automóvel, Carivardo trabalhou no boi Garantido e agora azulou. Ele compara a articulação existente debaixo de um automóvel com a das alegorias e diz que o mecanismo é bem parecido.


Ferdinando Guimarães

Garantido

Numa disputa acirrada, quando o assunto é boi de arena, o segredo faz parte da estratégia dos bumbás. Antecipar os detalhes da apresentação pode favorecer o adversário. Mas apesar dos mistérios, o artista Francivaldo de Alencar Dias, 33, o Louro do Garantido, revela que o bumbá vai manter o nível dos anos anteriores e levará para a arena estruturas gigantescas que vão fazer a diferença nos movimentos.


Francivaldo Alencar- o Louro

Ele está no Garantido há 17 anos e por dominar a técnica dos movimentos já trabalha pelo sexto ano consecutivo nas escolas de samba de São Paulo. Costumo dizer que o que a gente faz no boi é um trabalho de laboratório e por isso, o que dá certo aqui, dá certo em qualquer outro lugar, arremata. Da mesma forma, ele sustenta que a troca de experiências é importante para o aperfeiçoamento do artista. Eles levam e trazem informações num constante aprendizado. E assim eles vão crescendo, desafiando a gravidade, extraindo o melhor de si para obter um grande resultado no trabalho de impacto na arena. Tudo bem ao estilo do espetáculo que retrata a cultura e sobretudo a mitologia mais rica do mundo.