Tumulto e revolta na fila do BEA-Bradesco em Parintins no primeiro dia da venda de ingressos para o 37º Festival Folclórico. O número reduzido de bilhetes colocados à venda e a falta de estrutura da agência que deslocou apenas um funcionário para atendimento, provocaram indignação nos torcedores. A polícia teve que ser chamada ao local para acalmar os ânimos.Duas horas após o início da comercialização não havia mais ingressos disponíveis para os torcedores do boi Garantido. A maior parte dos bilhetes para a festa deste ano foi vendida antecipadamente pelos bois para agências de turismo.

Cada boi possui 880 cadeiras numeradas e mil lugares para a arquibancada especial do Bumbódromo. De acordo com o mapa apresentado pela gerência do banco, porém, o Caprichoso disponibilizou 519 ingressos de cadeiras numeradas e 646 de arquibancadas especiais, no total de 1.165. O boi Garantido só destinou para venda em Parintins 93 ingressos de cadeiras e 283 de arquibancadas especiais.
Desde às 7h parintinenses disputavam com pessoas de Manaus um lugar na fila dos ingressos. A empresa Ativa e a gerência do BEA tiveram que conferir os bilhetes e o atendimento atrasou em mais de uma hora. A venda iniciou às 11h e a surpresa de todos ficou por conta do número reduzido de ingressos disponíveis.
A polícia foi acionada pela gerência do BEA porque muitos torcedores estavam exaltados. Um cidadão que veio de Manaus conseguiu colocar na fila várias pessoas para comprar ingressos que seriam para uma agência de viagem. Segundo a empresária Berna Cristina, um esquema foi montado para favorecer o cidadão que já tinha comprado mais de cem ingressos. Indignada, Berna
rodou a baiana e o BEA acabou limitando a venda de apenas 20 ingressos por pessoa. Mesmo assim, muita gente que trabalha com as agências conseguiu comprar os bilhetes.
Acho uma falta de respeito com a população. Estou percebendo que o festival é made in Manaus. É para estrangeiro, para turista, menos para o parintinense que não tem acesso nem mais aos ingressos, reclamou o torcedor do Garantido Eymar Figueira.
O ex-presidente do boi Caprichoso, Joilto Azedo, também aguardava na fila para comprar os ingressos.
Estou indignado. É inadmissível essa redução, o parintinense foi enganado, mentiram quando disseram na imprensa que os ingressos não seriam vendidos em Manaus para prestigiar o povo parintinense, argumentou.
Os bois têm quase 4,2 mil ingressos e venderam antecipadamente 3 mil, completou. Ele também reclamou da falta de organização da agência do BEA no atendimento aos torcedores.
O engenheiro Simão Assayag também enfrentou a fila e disse não ser contra a venda de ingressos para as empresas de turismo, desde que haja um critério.
Os melhores lugares foram vendidos antecipadamente. Acho um desrespeito com o povo parintinense, mas isso faz parte do folclore da ilha, ironizou. Assayag, que é diretor da UEA em Parintins, teve que se ausentar das inscrições do vestibular para tentar comprar os ingressos do festival.
A funcionária pública Nazaré Leitão estava revoltada com o atendimento dispensado pelo BEA.
Temos um funcionário para marcar os ingressos e um caixa para atender todo esse povo. Que horas vamos sair desse banco?, questionou. Leitão disse que por causa do alto preço dos ingressos muitos parintinenses vão ficar de fora do bumbódromo.
Infelizmente estou na fila comprando para amigos de Manaus, confidenciou.
Acho vergonhosa essa propaganda enganosa que está sendo feita na imprensa, disse a empresária do setor de turismo Soraya Cohen.
Você chega aqui e está tudo controlado. As pessoas na fila e pouco mais de meio-dia não tem mais ingresso do Garantido. Alguém deveria ir buscar a fundo essa história, se é presidente de boi, empresas, secretarias, tem que se buscar uma forma de saber que farsa é essa, disparou.
O gerente do BEA-Bradesco, João Batista, tentava controlar os ânimos dos mais exaltados. Ele explicou que infelizmente o número de ingressos do Garantido era limitado e somente os primeiros da fila seriam atendidos. Do Caprichoso mais de 50% dos bilhetes foram vendidos no primeiro dia.
"Tem muita gente revoltada, a polícia esteve aqui, mas eu disse que as pessoas estão comprando lazer, não precisa de revolta, assinalou. Ele também adiantou que os atropelos na agência aconteceram em função da reforma que está sendo feita. Segundo Batista, Parintins terá uma das melhores agências do interior do Estado.