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Meio Ambiente em destaque

05/06/2006, Peta Cid, direto de Parintins

Parintins AM- Os versos das toadas que decantam a natureza e a preservação da Amazônia no Festival Folclórico de Parintins, deixaram de ser meramente apelos poéticos. Na semana das comemorações ao Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, os bois Caprichoso e Garantido reforçam o compromisso com a visão ecologicamente correta e abrem os galpões para mostrar a produção em série das penas sintéticas que imitam com perfeição plumagens de aves e até das espécies da fauna silvestre que antes emprestavam de forma lamentável o colorido de suas penas para as fantasias exibidas no Bumbódromo.

Utilizando TNT, tela de serigrafia e uma mesa rotativa, os artistas dos dois bois vão produzir juntos para este Festival, quase 150 mil penas que vão colorir as fantasias de tribos e capacetes.

No Caprichoso quase 100% das penas são sintéticas, as que não são, foram adquiridas de criadouros registrados que podem ser comercializadas com a permissão do Ibama, informa o artista Renilson Tavares, o Réu, 30, que está com uma equipe produzindo 80 mil penas sintéticas.


Renilson Tavares, o Réu, 30, produzindo 80 mil penas sintéticas

A produção imita com perfeição penas de faisão, peru, avestruz, pavão e outras aves. Além disso, a economia para os bois é expressiva. Segundo Réu, uma pena de faisão custa em média R$ 80 reais por unidade.

No Garantido serão 50 mil penas produzidas pelo artista Afonso Filho, 42, especialista em serigrafia. Acho que os bois deram um passo muito importante. Antes havia muita matança, as garças e as araras eram as mais sacrificadas, recorda. Hoje, o artista conta com orgulho que está há seis anos produzindo as penas sintéticas. É bom porque os jurados visitam os QGs e podem ver de perto que aquele visual do Bumbódromo é feito com material sintético, comemora, completando que as pessoas convidadas para julgar a festa se manifestam surpresas com a criatividade.

Quem conhece a realidade dos bois comprova que somente fantasias de destaques ainda são trabalhadas com plumagens de aves de abate da Ásia e Estados Unidos. Estas penas são adquiridas no mercado de São Paulo e Rio de Janeiro.


Dando a volta por cima - Críticas fazem parte do passado

Com a iniciativa de produção em série de penas sintéticas, os bumbás Caprichoso e Garantido não só contribuíram para a consciência da preservação, como deram a volta por cima depois de amargar críticas pesadas veiculadas em 2003 em rede nacional, quando o Festival Folclórico foi referência do tráfico internacional de artesanato confeccionado com penas de animais silvestres. À época, chegou a ser divulgado que a propaganda em torno da festa seria responsável pelo extermínio de animais para alimentar a indústria de cocares, brincos e outros artesanatos produzidos com subprodutos da fauna para atender aos turistas que visitam a cidade no período do evento. O mercado internacional foi citado por comprar as sobras após a festa a preço reduzido.

Hoje, os bois continuam sendo referência, sim, mas de um trabalho que destaca a Amazônia e o seu povo, dentro de uma visão que chama a atenção do mundo para a preservação do meio ambiente.

Ibama vai fiscalizar artesanato

A greve dos servidores federais não vai impedir que o Núcleo de Fauna do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis -Ibama/ Parintins execute a fiscalização da comercialização de artesanatos com subprodutos da fauna silvestre durante o Festival. No ano passado, foram apreendidas 600 peças que estavam sendo comercializadas em Parintins no período do Festival Folclórico, a maioria em poder das etnias Wai-wai e Hexkaryana. Pela herança cultural e histórica, os índios mantém o trabalho com artesanato de penas e plumagens.

A produção de artesanato é uma cultura milenar dos índios. Arara, papagaio, inambu, mutum e outros pássaros fazem parte da cadeia alimentar indígena , que durante o ano sobrevivem da pesca e da caça e o que sobra da pena, do osso, é utilizado em artesanato.

O chefe do posto do Ibama, José Ramos, alerta que a lei 9.605 proíbe a comercialização de artesanatos com subprodutos da fauna silvestre e o órgão vai autuar e punir quem for flagrado praticando o comércio ilegal.

Nos últimos anos, isso vem acontecendo em grande escala com as etnias Hexkaryana e Wai wai. Sempre falo que os índios podem usar como indumentária, agora a comercialização é proibida e a lei é para todos, lembrou, destacando que tanto os artesãos, como os indígenas e as lojas de artesanato devem cumprir a legislação. Segundo Ramos, existem produtos substitutos como penas domésticas, de criadouros, sintéticas, sementes e madeira que não se incluem na fauna silvestre.

Por causa da apreensão das peças indígenas no ano passado, o Ibama e a Funai estão envolvidos em um processo judicial que continua em andamento. O Ibama autuou a Funai por sua responsabilidade sobre as etnias. A Funai recorreu do processo.