A partir da década de 90 as coreografias passaram a ocupar lugar de destaque nas apresentações dos bumbas de Parintins. No boi Caprichoso, as coreografias das tribos se transformaram em um espetáculo à parte, com movimentos sincronizados e trabalhados de acordo com a temática apresentada a cada ano. Ontem, no curral Zeca Xibelão, o ensaio das tribos foi mais uma vez à sensação da noite, empolgando os torcedores do Caprichoso.
Mas para ensaiar e coordenar as tribos não é tarefa fácil. Apostando na performance inovadora, os 800 brincantes que vão compor o cenário humano que traduzirá a
Amazônia Cabocla de Alma Indígena precisam incorporar os movimentos. Esse é um trabalho para a equipe de coreógrafos liderada por Jair Almeida que, nos últimos anos, tem desenvolvido encenações de encher os olhos.
Jair Almeida informa que o segredo está na experiência e na forma de conduzir os brincantes. É usada a técnica do passo a passo, desde o dois pra lá, dois pra cá até chegar na seqüência de cada movimento. Para os novatos com dificuldade de aprender, a coordenação de tribos reservou aulas particulares que acontecem nas sede social todas as manhãs.
Nós treinamos, damos uma atenção especial a cada brincante, com muita paciência, tranqüilidade e respeito. A garra que eles demonstram nos motiva a fazer o melhor, avalia.
É perfeitamente notável a concentração dos brincantes nos ensaios. Jair salienta que o sucesso obtido na arena também é resultado de um trabalho que vem sendo desenvolvido há três anos sempre com a mesma equipe de coordenadores, que tem à frente o presidente do Conselho de Artes, Gil Gonçalves.
Para a montagem das coreografias, os coreógrafos precisam estar integrados com o Conselho de Artes. Segundo Jair, todos os movimentos, tanto de palco, como de arena, são elaborados por meio de pesquisas.
Pesquisamos as toadas, como foram produzidas, estudamos as lendas, os rituais. Os movimentos indígenas já conhecidos e fazemos uma adaptação para aquilo que nós queremos. É claro que jogamos uma mesclagem um tanto mais moderna para dar um charme a mais na dança, confidenciou Jair.
Ele disse que após esse trabalho, as coreografias são avaliadas pelo Conselho de Artes para a aprovação ou não. Para os movimentos de palco, o procedimento é o mesmo, sendo que há necessidade adaptação para movimentos que a galera possa acompanhar com facilidade.
É preciso que a galera goste de dançar a coreografia. Nós fazemos essa comunicação corporal, de fácil assimilação, mas transmitindo a mensagem da toada por meio da dança explicou.
Para a arena o trabalho é mais concentrado, avaliado e cuidadosamente elaborado. Este ano, o Caprichoso vai evoluir na arena com as tribos azuis, brancas e de composição.