13/06/2006, Jonas Santos/A Crítica
O curandeirismo, uma herança dos ritos indígenas incorporada à cultura cabocla, apresenta-se por meio da fé para a cura de doenças. E, para celebrar esta manifestação cultural, o boi Caprichoso irá apresentar no Festival Folclórico de Parintins deste ano a crença e o dom divino das benzedeiras, as mãos sagradas que abençoam, como retrata a toada As Benzedeiras da Amazônia, de Sebastião Junior e Edvander Batista, em uma homenagem àquelas quem têm o dom da unção da cura.
A dona de casa, Zilza Brito Lopes, 59, que reside na rua Cordovil, no Centro de Parintins, estará entre as benzedeiras que irão compor um dos atos da apresentação do boi azul na arena do Bumbódromo. Dona Zilza é torcedora do Caprichoso, assim como toda a família. Ela diz que a benzeção é um dom de Deus.
Quase todos os dias ela recebe famílias que a procuram para retirar o quebranto das crianças. Existe quebranto de vários tipos. A criança pega de fome, do mal olhado, do cansaço e as mães tem de ter um certo cuidado, adverte Zilza.
A benzedeira explica que não se deve visar retorno financeiro pela benzeção. Quando as benzedeiras cobram, a reza não é abençoada. Tem que ser algo espontâneo, argumenta a dona de casa Maria do Rosário de Souza, 32, que reside no bairro São Benedito e que costuma submeter seus filhos à benzeção.
As benzedeiras também tratam desmentidura, ou pegam, como diz o povo de Parintins, quando a pessoa sofre traumatismo de músculo ou tendão.
A toada que homenageia as benzedeiras poderá ser a trilha sonora da alegoria que leva o mesmo título da composição e que está sendo criada pelo artista Karú Carvalho. As benzedeiras da Amazônia deverão compor a apresentação de uma figura típica regional.