29/06/2006, Loredana Kotinski / Jornal A Crítica
Havia um tempo em que o vento era muito frio. E o abangüera - homem em prototupi, a língua mãe do tupi guarani - descera das árvores e andara sobre os pés a caminho do futuro. O evolucionismo da raça humana - a Primeva Amazônia - é o que o Caprichoso vai mostrar hoje, na primeira noite de apresentação, abrindo o 41º Festival Folclórico de Parintins.
Uma alegoria de árvores trará os primatas, vividos por 50 bailarinos do Corpo de Dança de Maués e coreografados por Weldson Rodrigues e Socorro Andrade. Símbolo do boi que vem defendendo o tema Amazônia, Solo Sagrado, a porta-estandarte Analú Vieira, 17, surgirá também nessa alegoria.
É um canto de esperança e um clamor pela vida em todos os aspectos. O Caprichoso defenderá a necessidade de convívio pacífico entra o homem e a natureza, informa.
Caras da Amazônia
Nas alegorias do Caprichoso irão aparecer os ceramistas, o caboclo de fé e as benzedeiras. Figuras tipicamente amazônicas, que contribuem para a riqueza cultural desse povo. Na alegoria em que as benzedeiras serão homenageadas, uma figura conhecida do povo parintinense será mostrada: dona Iaiá, benzedeira local, em pessoa, vai entrar na arena.
Garantido
Uma surpresa vinda dos céus promete maravilhar o público do Bumbódromo hoje, a partir das 23h, na primeira noite de apresentações do Garantido no 41º Festival Folclórico de Parintins. A novidade deverá surgir durante a evolução do item Lenda Amazônica, Suniá Paanami, primeira parte da noite de espetáculo intitulada Mãe Terra, ventre da Humanidade.
A surpresa dos céus não é a única novidade anunciada pelo Garantido. Defendendo o tema A grande maloca, o boi-bumbá vermelho e branco vai associar a imagem da Terra com o conceito indígena de maloca. Com isso, espera dar novos ares ao já um tanto desgastado discurso sobre a preservação da Amazônia.
Chico Cardoso, coordenador da Comissão de Arte do Garantido, durante coletiva de imprensa na Cidade Garantido. Segundo o coordenador, a temática da preservação já vinha sendo apregoada ao longo dos últimos sete anos, até de forma um tanto insistente.
Se abrirmos os olhos de uma maneira consciente para a preservação não só da Amazônia, mas do mundo como um todo, talvez possamos voltar a ver um futuro maior para a Humanidade, sustenta Chico.