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Bumbás narram a criação do mundo

30/06/2006, Jony Clay Borges, Da equipe de A Crítica

Quando a alegoria da porta-estandarte Analú Vieira surgiu no Bumbódromo pelas mãos do Grande Caçador, a galera azul e branca fez tremer a arquibancada. Item integrante da alegoria Exaltação Folclórica, que contou a evolução amazônica, ela marcou a abertura da apresentação do Caprichoso ma primeira noite do 41º Festival Folclórico de Parintins. Numa noite onde a Primeva Amazônia foi retratada, o bumbá lançou mão da antropologia e do folclore para contar a evolução da Humanidade.

Vulcões em erupção anunciaram a chegada do touro negro, com o tripa Marquinhos Azevedo carregado no pássaro cigana a mais de 15 metros de altura. E o amo do boi, Edilson Santana, surgiu de uma onça pintada. Enfim, o Caprichoso foi buscar nos primatas a origem de tudo. Passou pelo hominídeo e chegou ao folclore do povo amazônico.

Sinhazinha da Fazenda, Adriane Viana, surgiu numa iguanae a cunhã poranga nasce de uma ametista, criação do grande deus. E o Pajé surgiu da lua e lutou contra a fera.

A noite foi uma homenagem àqueles que escreveram, com luta e garra, as primeiras palavras da história humana. E mostrou o Solo Sagrado tem memória e sem ela não se completa o canto pela defesa da vida e da biodiversidade.

Garantido

A criação do mundo na ótica dos índios Desana foi o primeiro ponto alto da primeira noite do Garantido. Na evolução da obra de Júnior de Souza, a alegoria do índio Sulan, que atira uma lança ao céu para livrar o mundo da escuridão, subiu a 16 metros de altura. Quando a Maloca se abriu para revelar a Mãe Terra, a cunhã-poranga Tatiane Barros surgiu em um beija-flor toada Terra, a grande maloca levou os torcedores do bumbá vermelho ao delírio.

A alegoria da Celebração Folclórica, representando as várias culturas e raças que formam o Brasil na acepção do artista Marialvo Brandão, marcou pela emoção. Com ela vieram a sinhazinha Vanessa Gonçalves e o amo do boi, Tony Medeiros. o boi apareceu na apoteose da alegoria, ao som da toada Arte da evolução.

A alegria marcou a apresentação de O regatão, alegoria de Vandir Santos que trouxe à arena 60 pessoas, entre elas a rainha do folclore, Patrícia de Góes. A obra mostrou ribeirinhos de uma comunidade aonde chega o barco mercador, que após se torna um armazém.

O espetáculo culminou com o ritual Aeon Xamanístico : o belo cenário de Antonio Cansanção, a dança bem coreografada e a perfomance intensa do pajé André Nascimento coroaram a noite vermelha na arena.