O pesquisador Simão Assayag que por muitos anos fez parte do Conselho de Arte quebrou o silêncio quando disse que o boi Caprichoso é o pioneiro em cantar a Amazônia, o que já vem fazendo desde a década de 80.
Foto: Wanderley Souza e Peta Cid Diferente do que afirma o boi contrário, o Caprichoso chegou a ser criticado porque falava sempre da Amazônia. O boi azul e branco é pioneiro no tema, afirma o pesquisador.
O boi contrário até criticava a gente em falar de Amazônia, eles falavam mais de Lindolfo, Brinquedo de São João. O contrário sempre esteve preso a temas pequenos. Foi o Caprichoso que inovou com temas amazônicos quando cantou em 1997 Amazônia Catedral Verde, Amazônia Quaternária e Amazônia Ayakamé que retratava a lenda do surgimento do Rio Amazonas. Além disso, exaltamos o índio, sempre saindo na frente, alfineta. Antes disso, o bumba já cantava a Amazônia. Um marco para o Caprichoso foi o ano de 1994, quando Ronaldo Barbosa explodiu com as toadas Rios de Promessa e logo em seguida, com o Poder da Criação em 95.
Foi na década de 90 que o Touro Negro explodiu com os temas amazônicos e com toadas que marcaram a melhor fase do Caprichoso. Antes disso o Ronaldo Barbosa já cantava o Poder da Criação, depois veio Pesadelos dos Navegantes e muitas outras, lembra.
Foto:Wanderley Souza e Peta Cid Simão recorda muito bem quando o contrário comentava que falar da Amazônia não era folclore.
O folclore é uma coisa dinâmica, que se ajusta aos lugares e ao tempo, dito inclusive por Câmara Cascudo, o folclore não é uma coisa estática, afirma. Segundo Simão o boi tem um alcance fantástico por suas poesias e músicas, é uma divulgação mágica.
O boi precisa mudar, mas o foco ainda é a Amazônia. Lembro de um seminário, onde disse que o boi-bumbá não pode se dar ao luxo de ficar apenas cantando o São João, Catirina, ele tem um alcance grande, precisa ser o mensageiro, o arauto da Amazônia, dos povos indígenas, ressalta. Simão elogia o tema o
Eldorado é Aqui dizendo que é uma abordagem rica, principalmente pela nova visão que foi concebida pelo Conselho de Arte. Ele diz também que Curupira é um mito, mas o boi, a arte e o caboclo são os últimos templários que vão impulsionar a defesa da Amazônia, como enfoca o Caprichoso, mostrando não só as lendas, mas a vida real, como vivem os caboclos amazonenses.
O contrário está mais na mitologia e o Caprichoso na realidade, conclui.