Proibidos fogos de artifício no Festival
11/06/2002, Jornal A Crítica
Os shows pirotécnicos não serão mais atração no Festival Folclórico de Parintins. A utilização de fogos de artifício de qualquer natureza foi abolida em definitivo das apresentações dos bumbas Caprichoso e Garantido, na arena do Bumbódromo.
Os presidentes dos bumbás, Antonio Andrade, do Garantido e Dodozinho Carvalho, do Caprichoso, assinaram um Aditivo ao Regulamento do 37º Festival, revogando os parágrafos 2º e 3º do artigo 39 que trata do assunto e alterando o parágrafo 5º que determina a perda de 20 pontos, por ocorrência, deduzidos da pontuação geral, à associação que infringir o acordo.
A decisão saiu, ontem, após reunião dos presidentes dos bois com representantes do Ministério Público, peritos do Corpo de Bombeiros, moradores das cercanias do Bumbódromo e o procurador geral de Justiça, Mauro Campbell Marques.
O impasse que havia entre as associações que defendiam propostas diferentes quanto à utilização de fogos dentro e fora do Bumbódromo foi solucionado com a disposição dos presidentes em acatar a proposta do Ministério Público em defesa da comunidade que solicitava o fim dos shows pirotécnicos que causavam pânico e chegaram a provocar vários acidentes.
O procurador geral de Justiça, Mauro Marques, ressaltou a postura dos presidentes dos bumbás que assumiram o compromisso com a cidade de Parintins, com a manutenção do Festival, a integridade física do semelhante e, sobretudo, com o brilhantismo da festa.
Ele mencionou que a decisão veio após o diálogo e o parecer técnico de peritos do Corpo de Bombeiros, que não descartaram a possibilidade de acidentes com fogos detonados. Dependendo da quantidade de agentes explosivos, o risco de acidentes graves, como ocorreu no ano passado poderia ser eminente.
Mauro Marques fez questão de enfatizar o entendimento das diretorias em optar por não detonar nenhum tipo de fogos, frios ou quentes, durante a festa deste ano. O Corpo de Bombeiros estará com pessoal apto para eventualmente emitir laudos se houver quebra do acordo firmado. Marques alertou a comunidade para que não utilizem rojões nos dias de espetáculo porque as Polícias Civil e Militar e oficiais do Corpo de Bombeiros estão autorizados a efetuar prisões daqueles que de alguma maneira tentarem prejudicar o espetáculo. Não foi o MP que conseguiu isso, os bois de Parintins tiveram essa postura exemplar. Fica a comunidade segura de que o espetáculo vai transcorrer em paz, todos sãos e salvos de faíscas ou lesões, salientou.
O major Max, oficial do Corpo de Bombeiros, assumiu o compromisso de que a corporação vai disponibilizar pessoal para treinar brigadas contra incêndio de cada bumbá. As motocicletas do Corpo de Bombeiros farão o acompanhamento das alegorias até o Bumbódromo, além dos demais equipamentos necessários para combater incêndios.
Os presidentes dos bumbás, Dodozinho Carvalho, do Caprichoso, e Antonio Andrade, do Garantido, destacaram que a segurança da população está acima de qualquer interesse e que a retirada dos fogos não vai apagar o brilho da festa. Eles acreditam na criatividade dos artistas que já estão buscando alternativas por meio de efeitos visuais para atender a necessidade do show de arena.
Dodozinho Carvalho disse que o Caprichoso é o boi de Parintins e não poderia jamais deixar de atender o anseio da comunidade. A preocupação é com a segurança, a comunidade tem razão, o boi não pode ir contra os anseios do povo e a gente tem certeza que a retirada não tira o brilho da festa, avaliou.
O Caprichoso pagou 40% do valor da compra de fogos, mas já entrou em entendimento com a empresa contratada para buscar alternativas com outros efeitos visuais de maneira que o espetáculo não perca qualidade. O importante é que os torcedores, as pessoas que vão ao Bumbódromo estarão seguras, assinalou.
O presidente do Garantido, que defendia a permanência dos fogos frios dentro da arena, admitiu que se há perda no brilho da festa por causa da retirada dos fogos de artifício, por outro lado todos ganham segurança. Acho que isso compensa a perda com juros e correção monetária, enfatizou.
Ele afirma que o boi precisa criar alternativas para que as apresentações não percam qualidade. Eu creio na criatividade dos artistas da baixa do São José para que o Festival seja cada vez mais bonito, completou.
Depois de cinco anos contabilizando prejuízos e tendo que enfrentar o pânico a cada show pirotécnico que fazia estremecer as casas das cercanias do Bumbódromo, os moradores disseram que a vitória foi da comunidade parintinense. A moradora Elizabeth Reis, propõe que a partir dessa decisão seja feita uma campanha educativa em Parintins no sentido de diminuir a quantidade de fogos detonados nos eventos realizados na cidade. Ela agradeceu aos presidentes dos bois que entenderam a solicitação e ao Ministério Público que apoiou a luta.