No caminho do reconhecimento nacional
14/08/2007, Amazonas Em Tempo
Os bumbás Garantido e Caprichoso, que no mês de junho são arqui-rivais na arena do Bumbódromo, resolveram se unir para transformar o boi de Parintins em bem cultural de natureza imaterial, por meio do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A instituição gerencia o programa instituído pelo Decreto 3.551, de 4 de agosto de 2000 e viabiliza projetos de identificação, reconhecimento e incentivo à pesquisa, à cultura e ao financiamento.
Se a iniciativa for aprovada, os dois representantes da ilha tupinambarana irão compor o livro de registro de formas de expressão – voltado para manifestações artísticas em geral – e se tornar uma referência no Brasil. Para que a idéia se torne realidade, as diretorias dos bois iniciaram, no último sábado (11), uma campanha para recolher assinaturas com objetivo de pedir o registro de patrimônio diretamente ao Iphan.
Segundo a chefe do departamento cultural do Caprichoso, Odinéia Andrade, a intenção de transformar o boi em referência surgiu há dois anos, porém, ela não sabe explicar porque somente agora o Iphan resolveu investir na proposta. O primeiro passo já foi dado, foi durante o III Seminário de Revisão Crítica do Festival, quando as associações se uniram para reestruturar o requerimento apresentado por elas em 2005, destaca. Na ocasião, os presidentes de Garantido e Caprichoso assinaram um documento que autorizou os membros das agremiações a conseguir o registro que os torna patrimônio cultural. Agora, nós temos a missão de conseguir pelo menos 90 mil assinaturas até setembro e mostrar para o mundo a importância da cultura do boi-bumbá de Parintins.
Odinéia conta que o lançamento da campanha em Parintins não atraiu muitas pessoas, mesmo com a realização do evento durante o Dia do Estudante para chamar a atenção dos jovens. Mas, nós não desistimos e, no dia 22 de agosto, Dia do Folclore, vamos promover uma carreata pela cidade e tentar conseguir mais assinaturas, adianta. Queremos também levar essa proposta para outras cidades, afinal, 90 mil não é um número baixo e, quanto mais gente, melhor.
Ela diz que entre os pontos estratégicos para recolher assinaturas estarão escolas e praças. Vamos começar pela Zona Leste e fazer a população participar de forma ativa. São os dois bois juntos por essa causa, mas a rivalidade, que é o tempero do festival, continua, brinca a integrante do Caprichoso.
Benefícios
Já do lado do vermelho, Fred Góes, coordenador da comissão de arte, diz que tem um grupo do Garantido apenas trabalhando para recolher assinaturas. Ele conta que a divulgação da campanha ganhou até reforço na rádio Alvorada. Desta forma, queremos conquistar a confiança da população de Parintins e contribuir para que o boi-bumbá tenha reconhecimento nacional, explica. Esse título de patrimônio cultural trará muitos benefícios, entre eles recursos para que o festival possa crescer ainda mais.
Fred afirma que logo que as duas agremiações atingirem o número ideal de assinaturas para requerer o registro, o Iphan enviará pesquisadores que vão avaliar a festa mais popular da Amazônia. Eles irão verificar se o festival folclórico corresponde às exigências, informa.