Os artistas de Parintins
a 369 quilômetros a leste de Manaus a cada carnaval vão conquistando mais espaço entre as escolas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Essa conquista pode ser notada nos movimentos, plasticidades e nas esculturas das alegorias que as agremiações apresentaram neste carnaval.
Este ano, durante o desfile das escolas do Rio de Janeiro e São Paulo, o trabalho dos artistas de Parintins era exaltado a todo o momento pelos apresentadores e comentaristas das emissoras de TV, como a Globo. No primeiro dia de desfile das escolas de São Paulo, a apresentadora da TV Globo, Renata Ciribelli não cansava de falar da participação dos parintinenses.
Esse é o padrão parintinense de fazer carnaval. Logo em seguida, o repórter Maurício Kubrusly arrematou:
Esse já é o padrão nacional do carnaval feito pelos parintinenses.
Durante o carnaval do Rio de Janeiro o apresentador Cleber Machado e a ex-carnavalesca Maria Augusta, que comandavam a transmissão do evento pela Rede Globo também elogiaram bastante o trabalho dos artistas de Parintins, que este ano trabalharam na Beija-Flor, Viradouro, Portela, Grande Rio e Vila Isabel. Além da Mocidade Alegre, Gaviões da Fiel, X9-Paulistana, entre outras agremiações de São Paulo.
ReconhecimentoTodo esse reconhecimento ao trabalho dos artistas da Ilha Tupinambarana
explodiu com a participação do artista Juarez Lima no enredo
Parintins, a Ilha do boi-bumbá: Garantido x Caprichoso, Caprichoso x Garantido, defendido pela escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, em 1998.
De acordo com Juarez Lima, o presidente na época do Salgueiro, Paulo César Mangano Barreiro, foi a Parintins e pediu para os artistas apresentarem algum projeto alegórico em relação ao tema do enredo, que iria falar da
Ilha do Boi-Bumbá.
Ele deu um prazo para nós, mas nenhum artista apresentou nada. Aí eu decidi entrar nessa. Apresentei oito idéias para o enredo e dessas, cinco foram executadas pela escola na Sapucaí, contou.
Mas antes disso, Juarez Lima foi ao Rio de Janeiro em 1989, a convite do então carnavalesco da Beija-Flor de Nilópolis, Joãzinho Trinta.
Fui para o Rio com uma carta de recomendação do presidente da Sem Compromisso, Vital Ramalhosa, que conhecia os diretores do barracão e de harmonia da Beija-Flor, relembrou o artista.
Juarez lembrou ainda que passou 19 dias dentro do barracão da Beija-Flor.
O Vital (presidente da Sem Compromisso) perguntou se eu não queria fazer esse intercâmbio. Aceitei e graças a Deus consegui canalizar todo esse conhecimento e levar para Parintins.
Na primeira vez que Juarez foi ao Rio de Janeiro, em 1989, o artista fez várias amizades. Uma delas foi com o fiel assistente de Joãozinho Trinta, Augusto Oliveira.
Alguns anos depois ele (Augusto Oliveira) virou carnavalesco em São Paulo. Em 1996 ele foi a Parintins e me convidou para trabalhar com ele na X-9 Paulistana, afirmou o artista.
E com o tema
Amazônia: a dama do universo, a X-9 Paulistana venceu o carnaval de São Paulo de 1997.
Foi lá que começou todo o reconhecimento do potencial do artista de Parintins, disse Juarez. No ano seguinte, Juarez Lima foi o principal artista da escola Acadêmicos do Salgueiro.
Depois da ida de Juarez Lima para trabalhar no carnaval de São Paulo e do Rio de Janeiro, outros artistas fizeram o mesmo caminho como Jair Mendes e Karu Carvalho. Atualmente os artistas mais
badalados no carnaval da região Sudeste do Brasil são Rossy Amoedo e Zilkson Reis. Rossy, artista do Caprichoso, foi o responsável pelos movimentos dos carros da Beija-Flor este ano e, ainda fez alguns trabalhos na Portela, Unidos da Tijuca e Imperatriz Leopoldinense.
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