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Boi Garantido perde o poeta Ambrósio

25/02/2008, Diário do Amazonas

Um dia quando eu morrer e o povo todo saber tem gente que vai sorrir de alegria... E o povo todo reclama, acabou-se o homem, grande cantador de fama. Essas estrofes são da toada Ai ai meu Deus, composição, entre dezenas, que Ambrósio Silva Souza, 81, deixou imortalizada na memória dos torcedores do Boi Garantido. O compositor morreu no último dia 2 de fevereiro, no hospital João Lúcio, zona Leste de Manaus.

Ambrósio foi um dos principais compositores na história do boi da Baixa do São José, mas a diretoria do bumbá e parte dos torcedores esqueceram disso. Ele não recebeu nenhuma homenagem como forma de reconhecimento por uma vida dedicada ao boi do coração, a não ser dos familiares e amigos próximos durante o enterro, quando foi entoada a letra da composição Ai ai meu Deus. Não mandaram nenhuma nota de pesar. Nenhuma manifestação em relação ao falecimento. Eles esqueceram todo o trabalho de uma vida que o meu pai dedicou ao Garantido, lamentou o filho do compositor, Neivaldo da Silva Souza, 40.

Entre as toadas imortalizadas pelo compositor estão ‘Boa noite povo amazonense’, ‘Anunciei boi na cidade’ e ‘Turma de fé’. “Têm muitas toadas que realmente fica difícil falar quantas composições ele criou. Em 2001, o Garantido lançou um CD antológico e nove letras foram gravadas”, relembrou.

O amigo de infância de Ambrósio e o compositor do boi Caprichoso Raimundinho Dutra, lamentou a falta de reconhecimento com o poeta do Garantido. Eu saio do folclore e vou para o lado espiritual para comentar isso: as pessoas que fizeram isso com ele têm pensamentos e auras inferiores. Mas é bom lembrar que somos mortos enterrando mortos. Fizeram isso com ele, amanhã será comigo e assim vai acontecer com outros compositores, disse o compositor que já escreveu mais de 300 toadas para o Touro Negro.

O músico Pedrinho Ribeiro disse que essa falta de reconhecimento com os personagens históricos do Festival de Parintins ocorre porque a festa teve uma evolução desordenada. As pessoas não valorizam a história. Hoje são os jovens que recebem status, quando deveria ser o contrário. A falta de equilíbrio durante a evolução do Festival resulta nisso, em injustiça e esquecimento, criticou o cantor.

O músico disse ainda que o mais grave neste contexto todo é que a nova geração está crescendo sem conhecer a história dos antepassados. O maior crime disso tudo é não ter um documento histórico que fale sobre os grandes nomes da festa como Lindolfo Monteverde, Raimundinho Dutra, Ambrósio, entre outros. Uma geração que não conhece a sua história fica alienada, completou.