Espetáculo inicia em grande estilo
28/06/2008, Jornal A Crítica
Saulo Borges
Jony Clay Borges
Marina Guedes
Emanuel Mendes Siqueira
Da equipe de A CRÍTICA
O Garantido levou ao delírio o bumbódromo ontem,ao trazer de volta para o Festival de Parintins,o norte-americano Eric Scott,45,que concedeu entrevista exclusiva a ACRÍTICA horas antes de entrar na arena.
Eric atuou como uma espécie de dublê do pajé do bumbá, André Nascimento, que representou Omana, invocado pelos índios ianomamis para derrotar o monstro Xauara, que no Ritual da noite de ontem, Ianomami, leva sofrimento a tribo, mas acaba derrotado pelos pajé Omana.
Apesar do espetáculo, o boi atrasou oito minutos e deve ser penalizado coma perda de oito décimos, o que pode custar o título. Erick já esteve no festival, pelo Garantido em2004 e chegou a ser preso, mas depois foi liberado. “Já voei em vários locais,mas nenhuma emoção é igual a de voar aqui”, disse Eric,quando ainda preparava o equipamento turbinado que o fez voar, sigilosamente, em uma casa escondida a sete chaves. Ele afirmou ainda que temia ser preso.“Estou todo documentado”, disse.
O Garantido chegou ao bumbódromo tendo a frente o poeta amazonense Thiago de Melo,para reforçaro discurso de preservção da noite de ontem intitulada “Amazônia, Sinfonia Divina”.
A apresentação linear teve momentos de emoção,com toadas fortes do bumbá, como a toada “Batuqueiro da Baixa”, de Inaldo Medeiros. As alegorias dos artistas Júnior de Souza, do ritual Ianomami e da lenda do Anhangá, e Zickson Reis, da celebração folclórica e figura típica regional “O Mateiro”, surpreenderam pelo tamanho e plástica.
Beleza e resistência
O Caprichoso surpreendeu e emocionou os torcedores ao apresentar o primeiro ato de seu tema-alerta, “O futuro é agora”. O bumbá azul e branco exaltou os movimentos de resistência indígena aos colonizadores como primeira lição de como construir um futuro melhor.
O primeiro grande momento da apresentação do Azul foi a Figura Típica Regional “Caboclo amazônida”, do alegorista estreante Emerson Brasil, que louvou a figura do homem consciente da necessidade de preservar a região. Cada item individual representou projetos de preservação como o Pé-de-Pincha, representado pela sinhazinha ThaináValente.
A empolgação tomou conta dos torcedores com a apresentação da Lenda Indígena “Uruapeara”, em alegoria do artista Juarez Lima. Encarnações da entidade protetora dos parintintins, cobras e seres aquáticos formaram um deslumbrante e aterrador cenário. Dele surgiu a cunha poranga Maria Azêdo, incorporada em pajé, representando a última guerreira parintintin.
Outro ponto alto da noite foi o Ritual Indígena “Espírito Manaó”. Idealizada por Ozéias Bentes, a alegoria arrebatou a galera azul ao encenar a invocação do espírito de Ajuricaba pelos índios manaós, com destaque aqui para a performance do pajé Valdir Santana. Com isso, o Caprichoso fechou com emoção e grandiosidade sua primeira noite no festival.