Garantido celebra os povos indígenas
28/06/2008, Diário do Amazonas
Com alegorias grandiosas e muita cênica, o Garantido celebra, hoje, os povos indígenas na abertura da segunda noite do 43º Festival Folclórico de Parintins (a 369 quilômetros a leste de Manaus), hoje, às 20h. Os 2,5 mil brincantes do boi vão desenvolver o tema ‘Amazônia Índia’, contando a lenda ‘Madjuã’, da tribo maranhense Urubu-Kaapor, e o Ritual do ‘Guaricáya’, tribo que habitava a região do Alto Solimões.
“O Garantido vem com um guarda-chuva de todas as noites a questão da preservação. A segunda noite será folclórica mais terá uma parte indígena muito forte, vamos colocar as tribos que foram extintas, e que compuseram todo o cenário da Amazônia. Vamos pedir a preservação do tipo humano amazônico, que é o índio e o caboclo”, disse Amarildo Teixeira, membro da Comissão de Artes. Para passar essa mensagem, o Garantido vai resgatar nessa noite a toada ‘Lamento de Raça’, de Emerson Maia, que ganhou nova roupagem.
Há 26 anos no boi encarnado, o artista plástico Amarildo Teixeira, 45, desenvolveu a primeira alegoria da noite, que segue uma tendência iniciada no ano passado de mesclar dois itens obrigatórios do Festival, neste caso, a Lenda Amazônica e a Celebração Folclórica.
No primeiro ato, o boi da Baixa do São José conta a Lenda ‘Madjuã’, exaltando a crença dos Urubu-Kapoor de que nas profundezas dos rios habitava uma cobra-grande do mal, chamada Madjuã, devorando animais e aprisionando almas no seu ventre. Na lenda, a boiúna havia tragado a guerreira da tribo, mas surgiu um valente guerreiro que se deixou engolir pelo animal, onde encontrou dez corações, cortou-os, e do sangue da fera surgiram as cores dos animais e almas da nação Urubu-Kappor.
Para falar da mitologia, Amarildo Teixeira conta que criou uma alegoria com 25 metros de boca e 15 de comprimento, chegando a 12 metros de altura. Com 15 lanças em sua estrutura, vários itens obrigatórios surgirão nesse momento do espetáculo, entre eles a guerreira cunhã-poranga, Tatiane Barros, que está no posto desde 2005, a sinhazinha da fazenda, Ana Paula Ianuzzi, de apenas 16 anos, estreante no boi nesse ano, o boi-bumbá Garantido, comandado pelo tripa Denildo Piçanã, entre outros. As transformações das indumentárias dos itens individuais estão mais ousadas neste ano, e muitos deles vão apresentar mais de uma roupagem.
Figuras típicas
Outro experiente artista plástico, Vandir Santos, 49, completando 30 anos de profissão nesse Festival, trará a Figura Típica Regional do ‘Pescador da Amazônia’. Há dez anos trazendo o item rainha do folclore, o artista é especialista em retratar a Figura Típica.
“Vamos mostrar o pescador no seu cotidiano, que envolve a cênica. A minha alegoria, eu costumo dizer, é a que melhor faz cênica, porque dou o espaço para as pessoas evoluírem”, comentou. Serão em torno de 50 pessoas fazendo cênica, e o expectador vai acompanhar o cotidiano do pescador, preparando o peixe, tecendo a tarrafa, remendando a talhadeira, por exemplo.