Dívidas geram crise no Garantido
12/08/2008, Em Tempo
Com uma dívida superior a R$ 900 mil, para artistas e fornecedores, o leilão do tradicional curral da baixa de São José — arrematado no dia 25 de julho por pouco mais de R$ 44 mil — e o bloqueio de mais de R$ 100 mil para pagamento de dívidas com o atual levantador de toadas do boi Caprichoso, Edílson Santana, a diretoria do Garantido vive uma das mais preocupantes crises da história do bumbá.
A crise começou há algumas semanas antes da derrota no festival deste ano, por conta da falta de recursos para o acabamento dos trabalhos de galpões. Após a seqüência de falhas nas apresentações das três noites de disputa e amargarem a punição com a perda de sete décimos dos pontos conquistados na arena, os dirigentes vermelhos deixaram claros os desencontros com o escalão do comando da agremiação.
No último sábado, um encontro de avaliação do bumbá vermelho e branco teria sido cancelado por conta da falta de recursos para pagar artistas e fornecedores. O cancelamento da reunião gerou insatisfação em sócios, artistas e convidados que aguardaram pelos diretores para expor suas idéias sobre a evolução do boi na arena do bumbodrómo.
Boi perde curral
As dívidas acumuladas durante a gestão do ex-presidente Antônio Andrade seriam os principais problemas enfrentados pela atual diretoria, que nos últimos dias sofreu a perda do curral tradicional da baixa do São José, arrematado em leilão, no dia 25 de julho, pelo empresário Roberto Prestes, o “Betão”, que estaria negociando com a presidência da agremiação o repasse do patrimônio.
O leilão foi realizado para pagamento de uma dívida com uma empresa do Rio de Janeiro e o presidente Vicente Nunes de Matos já teria pago ao empresário arrematante cerca de 40% dos quase R$ 45 mil do lance dado pelo terreno, na busca de recuperar o berço da cultura do Garantido.
Além da perda do curral da baixa, na semana passada a Justiça mandou bloquear mais de R$ 100 mil para pagar dívida com o cantor Edílson Santana, que atuou durante sete anos na agremiação, como segundo levantador de toadas e, em 2002, como Amo do Boi, além de ministrar aulas de língua inglesa em um curso profissionalizante da escola de artes do boi.
Uma bomba-relógio
Segundo o presidente Vicente Matos, todas as implicações judiciais que ele vem sofrendo têm origem em gestões passadas. “Todos os processos são de gestões anteriores, com ênfase na administração Antonio Andrade, de 2001”, afirmou. Para Vicente, os débitos que estavam correndo na Justiça estão se tornando um tormento. “Estou às voltas com os bloqueios das contas por um processo movido pelo Edílson Santana, do qual já paguei 35 mil e ainda faltam 108 mil”, afirmou. Ele explicou, ainda, outros números. “Só para se ter uma idéia, nos dois primeiros anos da minha gestão paguei para um fornecedor R$ 390 mil, referentes aos anos de 2001 e 2002, e acredito que ainda tenhamos mais R$ R$ 280 mil a pagar”, avaliou.
O presidente fez uma previsão preocupante para o boi da baixa de São José. “Grande parte desses processos demanda dos anos da gestão de Andrade. Quando era diretor financeiro, escrituramos mais de R$ 2,8 milhões em valores nominais. Alguns a gente conseguiu reverter ou retardar na Justiça, mas, temos 12 processos de cobrança que são verdadeiras bombas-relógio”, declarou.
Questionado sobre quais os débitos de sua gestão, Vicente informou que é de R$ 900 mil, mas, que tudo será sanado assim que alguns recursos oficiais entrarem no caixa do boi. “Temos recursos pendentes, como parte da verba da Coca-Cola, Ministério do Turismo e alguns resíduos de patrocinadores menores, que serão suficientes para liquidar os débitos atuais da minha gestão”, informou. (MM)