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E na hora do ‘Paredão’?

12/01/2009, Em Tempo

Mencius Melo
Especial para o EM TEMPO

Milena Fagundes ainda nem entrou na casa do ‘Big Brother Brasil 9 e já provoca discórdia entre os amantes dos bois Garantido e Caprichoso.

Muito já se falou sobre a badalada seleção da amazonense Milena Fagundes para a nona edição do reality show “Big Brother Brasil”, da Rede Globo. O programa possui um formato invasivo ao colocar dentro de um mesmo ambiente uma dezena de pessoas que são observadas dia e noite por milhares de telespectadores.

Polêmica, bonita e bem articulada, Milena está no centro de mais um furacão. Bem antes de estrear no programa, ela já tem torcida pró e contra no Amazonas. O motivo é a pública paixão pelo bumbá Garantido ou mais que isso: sua participação na equipe Delta – espécie de laboratório de marketing montado dentro do Garantido para conquistar simpatia de formadores de opinião e, se possível, de jurados.



Mas, como pode uma paixão sazonal influenciar e arregimentar tantos a ponto de haver manifestações na web? Não seria um exagero pedir sua eliminação imediata, já que o Festival Folclórico de Parintins poderá ser beneficiado com uma amazonense na casa?

Para Ely Rodrigues, amiga de Milena, o movimento contra não tem razão de ser. “Acredito que é uma manifestação de poucos que não têm nenhum compromisso com o festival ou sequer botaram os pés em Parintins e muito menos na arena do Bumbódromo”, ataca. Ely se diz tranqüila por entender que isso é um fato isolado. “Sei que isso não é uma oposição oficial da diretoria do Caprichoso, portanto não reflete a vontade da associação”, avalia. Questionada sobre o retorno positivo para Parintins, ela opina: “Tudo lá é controlado. Não sabemos sequer se ela poderá usar as blusas do boi já que o festival é transmitido pela Band. Mas, de uma coisa tenho certeza, ela falará muito bem de Caprichoso e Garantido se tiver oportunidade”.

O presidente do Garantido, Vicente Matos, tem o mesmo pensamento. “Milena é declaradamente Garantido, mas é mais apaixonada ainda pelo festival. Então acredito que se tiver oportunidade vai falar bem da nossa festa”, acredita. Segundo o presidente, a oposição reflete pequenez. “Infelizmente temos pessoas com pensamentos pequenos, mas, é claro que ninguém e obrigado a gostar de ninguém, contudo, é necessário reconhecer que não é engrandecedor para nós”.

Do outro lado da fronteira

Menos afeita à diplomacia, a torcedora do Caprichoso Rosilene Reis tem posição cristalizada. “Com certeza absoluta sou contra! Acredito que ela não vai dar nenhum retorno cultural para o Amazonas e muito menos para o Caprichoso”, afirma. Questionada sobre o porquê da oposição ela foi direta. “Se fosse eu faria o mesmo até porque não gosto do Garantido, mas, o problema maior é que ela é muito envolvida com o contrário”, critica. Membro das comunidades na internet “Caprichoso” e “Tribo Orkut Parintins”, Rosilene aguarda com expectativa o primeiro paredão. “Estou na torcida para que já na terça-feira Milena Fagundes seja eliminada”, diz.

Já o presidente do Caprichoso, Carmona Oliveira, expressa opinião mais conciliadora. “Independente de ser a Milena, acredito que qualquer pessoa que for divulgar a nossa festa merece apoio, afinal, o boi é uma das melhores coisas que temos em nosso Estado”, pondera.

Para a psicóloga Andreina Sales, a questão envolve vários elementos da psicologia social. “O boi é uma cultura de massa, algo em que você é obrigado a decidir a preferência já que a rivalidade é muito forte entre os torcedores”, destaca. Segundo ela há outros pontos que permeiam a polêmica em torno da representante amazonense. “Vejo a presença da rivalidade e a força expressão cultural, mas temos também elementos de classe econômica, já que ela vem de uma classe média e os bois também fazem um discurso nesse sentido”, avalia. “Outro elemento também é o temor, por parte dos torcedores do azul, de que ela não venha a dar destaque ao Caprichoso, mas isso só será conferido quando o programa iniciar”, prevê.

Andreina Sales acredita que existe um viés mais interessante no momento. “De certa forma estão potencializando questões pessoais e não estão vendo como retorno para o Estado a participação dela no programa”, observa. “Claro que é necessário saber se ela terá esse espaço para falar”.