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Fé que vem da Ilha

23/06/2009, Jornal A Crítica

Leandro Prazeres e
André Viana
Da equipe de A CRÍTICA

O Festival Folclórico de Parintins  deste ano será marcado por duas histórias de superação e devoção do povo parintinense por dois personagens ilustres da IlhaTupinambarana. Graças a verdadeiras correntes de oração,o artista plástico Jair Mendes e o médico Aldrin Verçosa, ex-Pai Francisco do Garantido, puderam superar problemas de saúde que para muitos, eram irreversíveis.

Eles ficaram entre a vida e a morte, mas voltaram à ativa, surpreendendo aqueles que não acreditavam em suas recuperações. O retorno de Jair Mendes ao festival é visto como um milagre por quem o acompanhou. No dia 11 de março, o “mestre” de 67 anos e mais de três décadas de festival reclamou de fortes dores de cabeça. Era o início de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).Transferido para Manaus, Jair entrou em coma profundo. Uma corrente de orações uniu parentes e amigos em torno da recuperação do “mestre”.

Um dia, eu tive um sonho. Tinha de escolherentre R$ 10 milhões ou salvar a vida de uma pessoa. Escolhi salvar a vida de alguém. No mesmo dia, recebi uma ligação do mestre me dizendo que estava voltando a Parintins para continuar a trabalhar”, conta Juarez Lima, artista do Caprichoso e um dos “discípulos” de Jair.

Menos de três meses depois, Jair voltou aos galpões do Caprichoso. “Às vezes tenho dificuldade na hora de dar algumas ordens, mas estou feliz. Esse tal de AVC, quando não mata, aleija. Graças a Deus,não aconteceu nem um nem outro”, disse Jair.

"De  arrepiar"

A jornada sacra protagonizada pelo médico Aldrin Verçosa,  38, foi de arrepiar e real. Querido por corações vermelhos e azuis, o ginecologista e obstetra, que interpretou o Pai Francisco do Garantido por oito anos,esteve entre avida e morte no final de abril, quando descobriu sofrer de pancreatite aguda. Aldrin ficou internado por 40 dias na UTI,mas jamais esteve sozinho sobre aquele leito frio.

Em Parintins,o povo não aceitou a possibilidade de perder o homem simples e dedicado que tantas vidas salvou na IlhaTupinambarana. O sofrimento do povo uniu religiões em longas jornadas diárias de cultos  pelos quatro cantos da cidade.

No retorno a Parintins, Aldrin confirmou os relatos que chegavam  aos seus ouvidos. “Mais de mil pessoas me esperavam no aeroporto. Como estava fragilizado, e não podia ser abraçado, eles fizeram um corredor para me receber. Foi o sentimento mais forte que senti. Estava no túmulo e voltei pra minha cidade, pra seguir minha vida”, comenta emocionado o Doutor em Fé.