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Ousadia é a palavra de ordem por aqui”. Estas foram às palavras do pesquisador do Conselho de Arte do boi Caprichoso, Zandonaid Bastos, que também é Coordenador de estruturas alegóricas. Zandonaid se refere ao desafio de trabalhar o tema A magia que encanta, nas alegorias que vão ilustrar as apresentações das tribos e do corpo cênico do ‘boi’, segundo ele, o tema 2011 é ainda mais desafiador que o ano passado: O canto da floresta. “
Aqui é sempre assim. O Caprichoso se renova e surpreende a cada ano”, destacou.
A pesquisa feita pelo Conselho de Arte é minuciosa e muito detalhista. Nada pode dar errado na arena, por isso, corpos de dança, coreografia e alegorias devem estar sempre bem afinadas. Após a pesquisa, cada segmento inicia sua preparação individual, porém com um objetivo coletivo, que é representar bem o projeto de arena para dar vida ao espetáculo.
No galpão, os trabalhos estão a todo vapor. As alegorias de tribos e cênica estão em processo acelerado na composição das ferragens. Pouco a pouco, as estruturas vão ganhando forma e movimentos. Trabalho acompanhado de perto pelo coordenador Zandonaide. “
A fase de ferragem e pastelagem está bastante adiantada. No máximo até o dia 25 deste mês, estaremos em fase de acabamento”, ressaltou o coordenador.
Tribos ensaiam no Caprichoso
Simultaneamente, as tribos já iniciaram os ensaios no curral Zeca Xibelão, sob o comando dos coreógrafos Jair Almeida e Érick Beltrão. “
É como uma linha de produção. Cada um tem sua responsabilidade dentro do projeto macro de arena, com o corpo de dança não é diferente”, explicou Jair Almeida.
Os grupos de dança das tribos e da parte cênica é que seguram a apresentação do boi, com a responsabilidade de construir os sentidos do espetáculo, dentro de cada especialidade encadeados por uma sintonia harmoniosa.
Raça Azul o termômetro do espetáculo
Não podia ter outro nome para este segmento. A Raça Azul traduz toda garra e sentimento do torcedor Caprichoso. É um grupo organizado fundado há quatro anos, que se reúne todos os anos na temporada bovina, para ditar o ritmo da galera na arena.
Eles suportam longas jornadas de ensaios no curral até a última gota de suor. Tudo para esquentar a temperatura da galera que participa dos ensaios oficiais do ‘boi’. Os ensaios da Raça Azul começaram no dia 1˚ de março, todas as terças, quintas e sextas-feiras, a partir das 17h, no curral Zeca Xibelão.
Aos sábados, o grupo participa do ensaio oficial com a Marujada de Guerra e o levantador oficial de toadas, David Assayag. A Raça é composta por três coreógrafos (Neto, Samuel e Diego), uma equipe de produção (com 15 integrantes), que fabrica os adereços de galera e uma equipe de adereços alegóricos, como letreiros, faixas e outros adornos.
O grupo de animação é composto por 180 pessoas, coordenação com 20 membros, responsáveis pelo apoio de arena e logística. Em Manaus a Raça também possui um grupo de 150 pessoas. Para 2011, se juntam a eles um grupo de Maués, que recentemente, pediu permissão para utilizar o nome da Raça Azul e estender ainda mais o movimento. São integrantes da antiga Força Azul e Branca (FAB - Maués).
No Festival, todos se juntam e formam o grande movimento da Raça Azul, esquentando a temperatura da arena. É a Raça Azul que ensina as coreografias de galera, orquestrando os torcedores na arquibancada com muita empolgação nas evoluções do Caprichoso na arena. “
Se a Raça pára, a galera também pára. E é por isso que a nossa galera é sempre agitada na arena, porque a Raça Azul não pára nunca. São guerreiros que enfrentam com muita garra o desafio de animar o espetáculo até o fim, mesmo diante do cansaço físico”, ressaltou o coordenador José Tupinambá (Babá).
Vaqueirada tradição e inovação
As inscrições para a vaqueirada do boi Caprichoso já se encerraram. O grupo, que é composto por quarenta pessoas, inicia os ensaios oficiais nesta semana. Os ensaios acontecem a partir de 00h, no curral Zeca Xibelão e vão até 01h: 30min. Segundo o coreógrafo e coordenador da equipe de vaqueirada, Jair Almeida, apesar do horário avançado as vagas são sempre muito procuradas para compor o grupo. Este horário foi estipulado em consenso com os integrantes, por causa da rotina de trabalho dos componentes, que na sua maioria, trabalham o dia inteiro e estudam a noite.
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É impressionante o empenho dos integrantes da vaqueirada do Caprichoso. Mesmo tendo que ensaiar depois da meia noite, eles não desistem e são bastante disciplinados. Temos inclusive um grupo que vem da comunidade do Parananema, e não abre mão de participar”, ressaltou Jair.
Assim como a sinhazinha, o pai Francisco e a Catirina, a vaqueirada é um elemento indispensável no espetáculo de arena e um dos poucos segmentos tradicionais oriundos do bumba-meu-boi, que ainda se preserva no Boi Bumbá de Parintins. Tradicionalmente, a vaqueirada é quem conduz o boi, são os guardiões do boi.
Além da indumentária, os ‘vaqueiros’ carregam uma lança durante dez minutos aproximadamente, que é enfeitada e relativamente pesada, durante o manejo, por isso, um dos pré-requisitos para compor o grupo de vaqueiros é a experiência e resistência física. Segundo Jair Almeida, apesar do tradicionalismo, a vaqueirada do Caprichoso sempre busca a inovação.
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No Caprichoso a gente tenta manter a questão tradicional, não só pelas cores ou pela função dos vaqueiros, mas também buscamos inovar, principalmente na decoração e coreografia das lanças. Além disso, teremos participação em quase todas as evoluções do boi este ano”, concluiu.