Caprichoso - Projeto 2003: Raízes e Tradições
14/03/2003, Peta Cid, direto de Parintins
Parintins é um lugar especial, desses que apaixona. E não é apenas o Festival Folclórico que empolga. A cidade é cativante, sua gente é alegre, festeira, a inteligência de seus artistas fogem à regra e a cultura cabocla é um trunfo, um carisma particular do povo da Ilha. Nos '90 anos de Raízes e Tradições na Amazônia', tema escolhido pelo Caprichoso para traçar a sua estratégia de arena, o boi vai mergulhar nesta singularidade do povo, da sua história e dos elementos que compõe a beleza plural da Amazônia.
As três noites de apresentação estão idealizadas, os membros do Conselho de Arte passam horas trancafiados em um espaço reservado às criações para avaliar cada detalhe do espetáculo. 'Queremos com o projeto deste ano ver a alma do parintinense, o orgulho de ser brincador de boi-bumbá, vestir-se de azul e branco e dançar e cantar ao redor das fogueiras, dos balões iluminados pela lua como reluz o nosso boi', afirma Ciro Cabral, pesquisador do Caprichoso que traduz nas entrevistas que concede, o lado apaixonante do projeto que o bumbá quer desenvolver.
Ele explora o tema reafirmando a necessidade do resgate dos valores regionais que moldaram a essência do folclore da Amazônia. A busca do Boi Caprichoso consiste em três pilares que aglutinam a chamada 'cultura cabocla'.
Revela o pesquisador que em 2003 e 2004, a idéia é centralizar o projeto para mostrar o Caprichoso e Parintins como berço do folclore e da brincadeira de boi-bumbá numa fusão dos elementos da floresta com o bumba-meu-boi do Maranhão; explorar a diversidade étnica indígena das famílias lingüísticas, cuja maior densidade é fruto de migrações e conquistas que estabeleceram a base dos costumes do homem amazônico; destacar a riqueza da fauna e da flora, a exuberância paisagística que faz da região o maior banco genético do globo. 'Queremos evidenciar o folclore popular, o homem amazônico e o meio ambiente. Sem esses pilares não haveria de florescer a cultura rica de raízes e tradições', revela Cabral.
Para viabilizar o projeto, a diretoria adotou mudanças estabelecendo identificação com a proposta de resgate do folclore. A primeira mudança é nas coreografias oficiais do CD de 2003, que devem privilegiar todos os brincantes de qualquer faixa etária como movimentos característicos do boi-bumbá. Os currais de Manaus e Parintins poderão adotar o sistema de noitadas temáticas; os coreógrafos das bandas oficiais, do grupo Movimento, da troup do boi deverão utilizar figurinos que denotem consonância com elementos ligados ao folclore ou costumes da Amazônia, mesmo que sejam estilizadas; as toadas diminuíram a velocidade da batida para permitir uma audição e fluência melhor da melodia com destaque do charango, surdos, violões e flautas indígenas.
Ciro Cabral assinala que é preciso considerar a sintonia entre o projeto do boi e aquilo que representa na prática esse projeto. Ele entende que não se pode falar em resgate quando o ritmo do CD, por exemplo, caminha para a descaracterização.
O primeiro teste do Caprichoso para mostrar que está no caminho do resgate e das tradições será o lançamento do CD de toadas no próximo dia 22, em Parintins, no Curral Zeca Xibelão, com uma superprodução assinada pelo Conselho de Arte. A festa é o ponta-pé para as atividades de curral e contará com a presença dos itens oficiais e bandas do Caprichoso.
A programação já começa na sexta-feira, 21, quando haverá a audição do disco com a apresentação das novas toadas e coreografias, na Sede Social, à partir das 20:00h.
No sábado, 22, a festa continua, com a carreata saindo às 21:00h, da praça da Catedral até o Curral Zeca Xibelão. Presenças de Robson Jr. e Banda, Banda Caprichoso, Renato Freitas, e Gerson & Banda.
Um show pirotécnico abrirá o evento. Os ingressos para o dia 22 custam R$ 2,00, e as mesas R$ 25,00 (com direito a 1 CD).