Novo figurino para a Marujada
02/06/2003, Peta Cid, direto de Parintins
O boi Caprichoso que nasceu de uma promessa dos irmãos Antonio e Roque Cid está promovendo uma verdadeira revolução para fazer valer o nome de seus fundadores e a proposta de resgate das raízes e tradições. A marca do retorno às origens estará também na Marujada de Guerra, que além de preservar a cadência da batida do boi e dar ênfase às palminhas, vai exibir um novo figurino.
Para substituir as desconfortáveis roupas confeccionadas em TNT e os adereços que tiravam a visibilidade dos brincantes, os 450 ritmistas vão vestir figurinos trabalhados em cetim, tecido de seda que há dez anos deixou de ser usado pelos marujos do azul e branco. Obedecendo a temática de cada noite, o bumbá vai introduzir cores, adereços que valorizam o índio, realçam a flora, mas a fantasia vai manter o antigo estilo. Em pelo menos uma noite lá estarão os ritmistas com a tradicional camisa de pala e franja azul e branca, chapéu de palha com detalhes em papel de seda.
Até o ano passado, as roupas dos brincantes eram encomendadas a fábricas do sudeste do País, utilizando um material sintético, o TNT e adereços emborrachados que causavam certo desconforto aos brincantes na hora de vestir a fantasia.
Este ano o bumbá montou um ateliê sob a coordenação da costureira Dulce Pereira, para trabalhar nas fantasias criadas pelo Conselho de Arte. 'Estão sendo confeccionadas 450 indumentárias para cada noite' revela Dulce, que coordena 25 costureiras. Elas reuniram suas máquinas e equipamentos para montar o ateliê e comemoram a oportunidade de aumentar a renda. Só para as costureiras o boi vai pagar mais de R$ 20 mil, valorizando a mão-de-obra local.
Os figurinos estão sendo feitos sob medida, evitando atropelos para os percussionistas. Em anos anteriores os marujos reclamavam das fantasias que não se adequavam ao corpo. 'Estamos trabalhando para oferecer melhor qualidade e conforto aos ritmistas'.
O cetim vai proporcionar melhor visualidade na arena e é nisso que acredita o Conselho de Arte. O artista Juarez Lima, integrante do Conselho, prefere não entrar em detalhes, mas deixa no ar que importante é valorizar a tradição do boi.
Antes do cetim, outro tecido bastante valorizado pelos bumbás no início da brincadeira foi o lamê, feito com fios de metal com muito brilho. O pano aos poucos foi substituído pelo cetim que passou a fazer parte das fantasias. 'Na época só comprava cetim quem tinha posses', afirma a folclorista Odinéa Andrade que lembra da Marujada de Guerra sempre vestida de cetim com chapéus de palha e flores também de cetim.