Parintins-Am - A manutenção dos critérios estabelecidos no Regulamento da disputa de bumbás de Parintins com mudança apenas no item que trata das fontes fornecedoras dos nomes indicados para o sorteio dos jurados foi a proposta lançada pelo secretário de Estado da Cultura, Robério Braga, na tentativa de buscar uma solução que corresponda às expectativas dos bois Caprichoso e Garantido, assegurando tranqüilidade e transparência ao resultado do 38º Festival Folclórico de Parintins. Pela sugestão, os nomes e currículos de pessoas com fundamento teórico em folclore e renome nacional não viriam dos Ministérios da Cultura, Educação e Turismo, como está definido no critério atual, mas de outros órgãos públicos, científicos e até patrocinadores da festa.
Entre os organismos e empresas apresentados como sugestão estão o próprio Governo do Estado, Prefeitura, Coca-Cola, Bradesco, Universidade do Estado do Amazonas, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA, Universidade Federal do Amazonas, Universidade Estadual do Amazonas , Rede Calderaro de Comunicação e Sistema Brasileiro de Televisão –São Paulo.
A reunião do secretário com os presidentes César Oliveira do Caprichoso e José Walmir do Garantido foi realizada ontem na Secretaria de Cultura e Turismo de Parintins com a presença do prefeito Enéas Gonçalves e da imprensa que acompanhou o posicionamento dos bois, a tentativa do governo do Estado de resolver o impasse que se originou com um show do boi Garantido em Brasília e a preocupação da Prefeitura com as conseqüências negativas que a indecisão sobre a disputa já está trazendo para o evento que tem uma oportunidade única de projetar o Amazonas com a vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O secretário Robério Braga pediu cautela aos presidentes dos bumbás e propôs uma nova reunião na terça-feira em Manaus para buscar o consenso. Colocar sob suspeita a posição dos ministérios não é uma política equivocada na opinião de Braga, mas uma política perigosa. “
O perigo está dos dois lados, se houver uma insistência na manutenção dos critérios atuais e o resultado for favorável ao boi Garantido ao final do festival, este resultado estará sob suspeita permanente. Se nós fizermos uma mudança e encontrarmos um meio termo é possível que consigamos manter a integridade do resultado”, ponderou. Ele explicou que mesmo não tendo havido intenção do Garantido em “
melar” o festival, o episódio de Brasília pode comprometer o resultado da disputa.
O secretário também deixou claro o governo do Estado é apenas o viabilizador do festival e que os bois devem assumir a responsabilidade no processo.
Ele mencionou o recebimento dos documentos protocolados pelos bois onde cada um apresenta um relatório dos acontecimentos em Brasília. Robério e citou trechos do documento endereçado pelo Caprichoso ao governador Eduardo Braga, insinuando omissão do governo e fazendo acusações ao empresário Armando do Valle que já teria participado de negociações com o próprio Caprichoso em 2001. “
É uma acusação grave com responsabilidade criminal”, disse, alertando para as conseqüências que esse tipo de denúncia pode acarretar tanto para o acusado como para os acusadores.
O secretário lembrou que governador está tomando ciência sobre as denúncias e dará orientação adequada que for necessária e que for oportuna do ponto de vista de defesa e relevância da festa e da ética. “
O nosso governo não vai compartilhar de maneira nenhuma de nenhuma ação que esteja tendenciosa nem para m boi nem para o outro, mas vai agir com a cautela devida”.
O prefeito Enéas Gonçalves se mostrou muito preocupado com o fato de que a definição às vésperas da disputa, como vem acontecendo nos últimos anos possa prejudicar o Festival. Ele considera esse procedimento como uma postura amadora dos bois que deveriam trabalhar a questão de forma mais profissional. “
Tive informações que há muitos ingressos de cadeiras para serem vendidos. E alguém já está atribuindo isso a indecisão sobre a disputa”, declarou. O prefeito também apelou para que os presidentes dos bois façam uma reflexão e cheguem ao entendimento.
Bois

A proposta apresentada pelo secretário Robério Braga será analisada pelos bumbás e na terça-feira em Manaus uma nova reunião deverá definir como fica o Regulamento da disputa. O presidente do Caprichoso César Oliveira, se mostrou totalmente favorável à proposta e disse que o bumbá defende um novo caminho para a escolha dos jurados.
Sobre as denúncias de fraude, Oliveira esclareceu que houve uma negociação do Caprichoso com o empresário Armando do Valle em 2001, mas que esta tentativa acabou “
virando contra o próprio bumbá” . Ele não deu maiores detalhes do conteúdo do documento endereçado ao governador, porém continuou afirmando que a permanência de Armando do Vale no processo, prejudica o Festival. “
Se queremos resgatar a credibilidade da festa, temos que abolir esse tipo de articulação desse cidadão”, frisou.
Para o presidente do Garantido, José Walmir, a questão Regulamento já está encerrada e embora aceite discutir o assunto, ele afirma que uma nota oficial já foi divulgada pelo boi com o posicionamento da diretoria.
“
O Caprichoso sempre impôs e o Garantido cede o que pode pra que a festa aconteça. Eu não sei qual é o moralismo que tanto eles pregam. O Garantido já distribuiu uma nota, fui bem elegante com o secretário e acho muito agressivo dizer que não vai haver disputa. Nós discutimos, mas o assunto pra nós está encerrado”, afirmou.
Walmir também comentou que nas celeumas de boi sempre vêm à baila o nome do senhor Armando do Vale e uma maneira agressiva. “
E veja que eles já estiveram com ele”, acrescentando que aqueles que pregam tanto moralismo não deveriam buscar esse tipo de artifício. “
O meu artifício é dentro da quadra, para fazer bonito e ganhar na quadra”, assinalou.
Walmir vai pedir uma cópia do documento encaminhado pelo Caprichoso ao governador Eduardo Braga.
Foto: Carlos Frazão
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