Ajustando as fantasias
23/06/2003, Peta Cid, direto de Parintins
O segredo de vestir os mais de mil brincantes da festa do boi de Parintins está na técnica e na experiência de figurinistas e estilistas que nos últimos meses se misturaram a tecidos, rendas, flores, cetins e penas para colorir vestidos, fantasias de destaque, capacetes, cocares, sempre buscando algo novo e criativo. A última semana de preparativos é dedicada aos ajustes finais das roupas e fantasias ricamente trabalhadas para os itens que vão encenar a ópera cabocla.
No Quartel General (QG) do estilista Paulo Rojas, 40, o trabalho agora é concentrado no acabamento das peças. Cada detalhe é avaliado para dar visual e leveza às vestimentas. Em seu ateliê estão sendo finalizadas as roupas dos itens apresentador, levantador de toadas, rainha do folclore, sinhazinha da fazenda, tribos indígenas e tuxauas.
Rojas integrou a equipe de figurinistas do ateliê de costuras do Sétimo Festival de Óperas, realizado no mês de maio em Manaus, reunindo grandes nomes da alta costura mundial como o inglês Ashley Martin Davis, o uruguaio Adan Martinez e a italiana Andréa Canton. 'A experiência, o estágio que eu fiz no Festival de Óperas, com certeza exerceu muita influência no trabalho que estou executando este ano no Caprichoso', assinala. Embora mantenha a essência do que pede o tema do boi para este ano, Rojas deu um toque mais ousado em todas as suas peças, com um pouco do que aprendeu com os figurinistas.
Na noite da Amazônia que o Caprichoso celebrará no dia 28, as roupas dos itens e até mesmo das tribos vão abusar de materiais essencialmente amazônicos como folhagens sintéticas, tinta natural, couro vegetal, produto da seringa que faz parte de um projeto que está sendo desenvolvido por uma ONG que atua em território dos índios Baniwa, Alto Solimões. O couro de peixe que também resulta de um projeto desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas da Amazônia-INPA, será utilizado nas fantasias produzidas por Rojas. 'Estou usando coisas da Amazônia, produtos reciclados, material sintético e muita tinta manual', informa.
O artista parintinense trabalha há 15 anos como figurinista, atuou como assistente de figurino de peças de teatro fora de Parintins, mas foi no boi-bumbá que ele despontou como artista.
'Espero que as pessoas entendam o trabalho, que foi muito bem elaborado, com muita técnica, seguindo o que aprendi com os grandes nomes da costura mundial'.
No Ateliê de Paulo Rojas, o movimento é intenso dos brincantes de tribo, itens individuais e de capacetes que estão experimentando as peças para os últimos ajustes. A equipe de Paulo trabalha com entusiasmo porque sabe que a torcida azul valoriza o acabamento bem feito das fantasias e elogia o fato de que as roupas são muito bem acabadas, mesmo em se tratando de tribos indígenas.
A adequação das fantasias às danças, para evitar dificuldades no momento das apresentações também foi observada para evitar qualquer tipo de transtorno.