Paixão segundo Parintins
03/04/2004, Eduardo Gomes
Tudo será superlativo. Duzentos e cinqüenta pessoas entre atores e figurantes, um coral de 40 vozes, outras 150 pessoas entre marceneiros, carpinteiros, eletricistas, costureiros artesãos, pintores e escultores. Todo esse aparato está envolvido em um ritmo frenético para montar a encenação da Paixão de Cristo. A grandiosidade não poderia ter outro endereço senão a cidade de Parintins, a 368 km de Manaus. É uma grande oportunidade para os manauenses e residentes de outros municípios aproveitarem o feriado da Semana Santa e conhecer a outra faceta da veia festeira e agora religiosa dos parintinenses.
O espetáculo religioso, o maior neste nível realizado no Amazonas, atrai um público estimado de 30 mil pessoas, número este estimado de 30 mil pessoas, número este estimado pelos organizadores no ano passado. O bumbódromo (Centro Cultural e Desportivo Amazonino Mendes), só lota duas vezes por ano. Uma é no Festival Folclórico de Parintins e a outra com a Paixão de Cristo, afirma o prefeito municipal Enéas Gonçalves (PFL).
A encenação da Paixão de Cristo mostra a segunda vertente do parintinense, a sua religiosidade, contrastando com o lado mais conhecido dos moradores da Ilha de Tupinambarana, a sua entrega ao lado profano, com a disputa dos Bumbás Caprichoso e Garantido. A manifestação folclórica catalisa as atenções não só dos nativos da ilha, bem como a do amazonense.
Teatro a céu aberto
O espetáculo deste ano foi desdobrado em duas etapas. A primeira será na noite de sexta-feira, onde atores e figurantes, por sinal todos amadores e moradores da Ilha, contam a história bíblica da vida de Jesus Cristo.
Nesta noite a arena do bumbódromo, deixa de receber alegorias, plumagens, cantos bumbás e rituais pagãos dos bumbás, para se transformar em uma Jerusalém cenográfica, cujos trabalhos terão a criatividade dos artistas parintinenses, Karu Carvalho e Rossi Amoedo. Ambos são chamados artistas do Boi Bumbá Caprichoso. Em meio a centenas de metros cúbicos de madeira e materiais de pastelaria, eles vão montar a cidade cenográfica.
Helerson Maia figurinista do Boi Bumbá Garantido (após anos de Caprichoso) ficou responsável pelos figurinos. Contando ainda com o coreográfo e músico do Caprichoso, Jair de Almeida na direção do coral de 40 vozes, Ray Santos na direção cênica e Gil Gonçalves na direção geral do espetáculo, os atores e figurantes vem se dedicando aos ensaios.
Após a terceira edição a Paixão de Cristo encenada em Parintins trouxe modificações. Por sugestão do bispo dom Giuliano Frigeni e do pároco da igreja matrix de Nossa Senhora do Carmo, padre Benedito Teixeira, o espetáculo religioso foi dividido em duas partes. A primeira será encenada no Bumbódromo, contando a Paixão de Jesus Cristo até a sua morte na sexta-feira.
Já a ressurreição terá como cenário a matriz de Nossa Senhora do Carmo no sábado à noite. Essa mudança foi sugestiva por dom Giuliano que com o padre Benedito Teixeira, estão participando ativamente na preparação do espetáculo, afirma Gil Gonçalves. Para tanto a organização, a cargo da Prefeitura Municipal de Parintins, através da Secretaria de Cultura e Turismo de Parintins (Sectur) vai montar um telão. Vai ser um espetáculo muito bonito, garante Gil Gonçalves, baseando-se no espetáculo do ano passado, quando a multidão que lotou as arquibancadas e cadeiras especiais do bumbódromo se emocionaram com a encenação.
Para não fugir à regra, a diretoria dos dois bumbás, César Oliveira (Caprichoso) e José Walmir de Lima (Garantido), também vão contribuir com o evento. Cada um se comprometeu de doar velas nas cores dos bumbás (azul e vermelho) para que o público interaja com o espetáculo.