Parceiros:

» Criação de Sites

» Criação de Sites em Manaus

» Site Manaus





Siga ParintinsCom no Twitter

Dois casos de amor na Ilha Tupinambarana

17/04/2004, Jornal A Crítica

Uma é Caprichoso o outro é Garantido. Ela é professora, ele é pescador. Odinéia Andrade, 62, e Braulino Lima, 65, de certa forma resumem na própria vida a história e o desenvolvimento experimentado pelo povo de Parintins.

Professora Odinéia, todos respeitosamente chamam diretora Cultural do boi Caprichoso, é de Barreirinha, mas desde que se entende por gente vive em Parintins, onde se casou, criou família e se apaixonou pelo bumbá dos Cid e dos Belém. Ela credita o crescimento da cidade, hoje a segunda maior do Estado, com 90 mil habitantes (Censo 2000) à audácia e ao empreendedorismo do povo e à beleza e religiosidade da Festa do Carmo, homenagem à padroeira da cidade, Nossa Senhora do Carmo, e ao Festival Folclórico. Lá pelos anos 40, 50 e 60 o parintinense tinha vergonha de dizer que era daqui. Hoje, com a força da nossa cultura ele sente orgulho e quando sai faz questão de dizer que é parintinense, diz Odinéia. E tem mais: depois de cumprir um tempo fora, o parintinense sempre volta para a cidade dele.

Estudiosa da cultura e da história de Parintins, a professora diz que diversos ciclos econômicos impulsionaram a economia local. As primeiras atividades estavam ligadas à coleta de sorva, borracha, piaçava, madeira. Depois veio o ciclo do cacau, cuja produção empregava muitas pessoas. A juta, trazida pelos japoneses que se instalaram na Vila Amazônia nos anos 50, teve importância fundamental para a geração de emprego e renda aos parintinenses, atividade que só caiu na virada dos anos 80 para os anos 90, coincidindo com o aumento da produção pecuária e o fortalecimento do movimento dos bumbás Caprichoso e Garantido. Os bumbás abriram uma vereda de cultura para o nosso povo, mas é preciso abrir um leque maior de opções para o turismo, pois temos um potencial muito grande, seja nos nossos lagos ou no rio, ensina.

Lagos, rios, vida pacata e uma vizinhança que ainda se freqüenta são os motivos de Odinéia nem sequer cogitar a possibilidade de vir em morar em Manaus, onde estão os filhos. Aqui, às vezes, eu perco o sono, pego minha moto 2h e faço isso com tranqüilidade, sem medo de nada, diz. Aqui consigo refazer minhas emoções, afirma, entre lágrimas, lembrando do filho, falecido há três meses.