05/06/2004, Eduardo Gomes
Professora aposentada, Odinéia Andrade é uma das poucas pessoas em Parintins preocupada com a memória do Festival Folclórico de Parintins em especial aos bumbás Caprichoso e Garantido. Referência para pesquisadores de folclore de várias partes do País e estudantes, ela está à frente do Departamento Cultural do Boi Bumbá Caprichoso e é a idealizadora da Cabana do Boi Oca do cacique Zeca Xibelão, onde procura resgatar parte da história do boi azul e branco e ao mesmo tempo homenagear ainda em vida, pessoas que de alguma forma contribuíram com a história do Boi.
"Estamos prosseguindo com este projeto no decorrer do ano por que muitos personagens dentro do boi que hoje não existem mais e que agente pretende para ele, um lugar, um cantinho de carinho, de aconchego e de amor junto com os demais itens do boi", afirma Odinéia. Neste ano ela incluiu no rol de homenagens as pessoas que personificaram a figura do toureiro, abadonados hoje com a "modernização" do boi. A figura do toureiro fazia parte do auto do boi fruto da cultura ibérica, trazida pelos portugueses e assimilada no nordeste e no Maranhão, principal centro da cultura do bumba-meu-boi.
Nas homenagens antigos integrantes são reunidos para prestar depoimentos, quando a brincadeira de boi-bumbá em Parintins era restrito apenas aos parintinenses. Eram épocas do festival promovido pela JAC (Juventude Alegre Católica) ao lado da Matriz de Nossa Senhora do Carmo, depois no parque da Castanholeiras e no tablado.
"No ano passado você participou com nosco e sentiu a emoção das pessoas que sentavam ali, cada uma querendo contar sua história com o riso de orelha a orelha. Isso é muito bonito e nos deixa emocionados diante de se sentirem tão valorizados. À época se sentiram valorizados e queridos pela nossa agremiação", afirma a professora e pesquisadora.