29/06/2004, Amazonas Em Tempo
Os folguedos juninos e as quadrilhas tradicionais fizeram parte das brincadeiras do Caprichoso ao abrir ontem,a segunda noite de apresentações do 39ºFestival Folclórico de Parintins. Sem ter que enfrentar o problema de atraso,por falta de jurados, como ocorreu na noite anterior, o Caprichoso iniciou sua apresentação de forma alegre, com destaque para a Vaqueirada e da Marujada de Guerra, responsáveis, no primeiro momento pela explosão de alegria da galera, que lotava as arquibancadas.
A cidade parintinense como fonte de vida para a sobrevivência da cultura cabocla,esteve presente no momento folclórico da primeira aparição do boi,destacava a atuação da galera, demonstrando a empatia que tem com a turma da arquibancada. Fez questão de ressaltar que a galera,que estava animada e compondo a apresentação do boi, tinha saído cinco horas do bumbódromo, para voltar em seguida.
Um dos momentos de emoção na arena foi o auto da celebração com a reza e a procissão em homenagem a N. Sra. do Carmo.
O pajé Waldir Santana e a Cunhã-Poranga, Jeane Benoliel, chegam na arena do bumbódromo levados por um cortejo, em padiolas para a celebração do Casamento Tupinambá e assim começar o momento tribal do Caprichoso, com a entrada e a dança das tribos parintintin, maraguazes, torazes, parauenis, patuarana, uapixana e saporé. Enquanto as tribos dançavam num grande ritual, em frente à cabine de jurados cunhã-poranga e pajé protagonizam a encenação do ritual do casamento da guerreira Tupinambá com o tuxaua.
O Caprichoso também destacou na noite de São Pedro, a figura típica do Castanheiro da Amazônia, com alegorias do artista Ito Teixeira. Jairzinho Mendes, responsável pela alegoria da lenda amazônica não poderia ter sido mais feliz: a cobra grande boiúna surpreendeu, trazendo a Rainha do Folclore, Daniela Monteiro.
O ponto alto da noite, entretanto, foi o ritual antropofágico dos índios Tupinambás, o Ybirapema, relatado pela primeira vez pelo padre jesuíta Claude Abeville em 1553, e por Hans Standen, feito prisioneiro pelo cacique Cunhambebe em 1557, período da Confederação dos Tamoios. Os guerreiro Tupinambás tinham hábito antropofágico e canibal de vingar-se de tribos rivais. Historicamente, as expedições tupinambás faziam inimigos cativos (Iamacá) para serem executados em praça pública (Ocara) e foi em cima desses relatos que o boi Caprichoso fez o seu momento apoteótico.