30/06/2004, Jornal A Crítica
O boi-bumbá Caprichoso realizou uma alquimia azul para conquistar o bicampeonato, voltando às raízes e apostando em elementos bem folclóricos para falar de Amazonas-Terra do folclore, fonte de vida, no 39º Festival Folclórico de Parintins (a 325 quilômetros de Manaus).
E o boi conseguiu se manter fiel as suas raízes. Na primeira noite, o azul foi prejudicado pelo atraso na escolha dos jurados, entrando na arena já de madrugada e saindo as 5h. Uma super maratona para quem se apresentaria 16 horas depois. A segunda apresentação foi marcada pelo casamento tupinambá de cunhã-poranga com um tuxaua. A mulher mais bela da tribo e o pajé chegaram ao Bumbódromo em belas padiolas. A dança do casamento foi forte, marcante e fantasiosa. Ontem, última apresentação do Caprichoso no Festival Folclórico. O bumbá falou da Amazônia, chão brasileiro, com o pajé Waldir Santana surgindo logo no início, chamando o apresentador Arlindo Jr. Destaque para a alegoria Canoa da Esperança, de Karu Carvalho, que trouxe a cunhã-poranga Jeane Benoliel. As tribos da noite foram pianacotó, ianômami, saterê-maué, munduruku, assuriní, caxuiana, tirió e suiá. No momento folclórico, batizado de Panteão Amazônico, assinado por Rossy Amoedo, participaram os itens porta-estandarte, amo do boi, boi, sinhazinha da fazenda e rainha do folclore. A figura típica foi o pescador ribeirinho e a lenda coacy beija-flor, que trouxe a cunhã e revelou dois tuxauas de troncos de árvores.
No encerramento do bumbá, o tradicional ritual, o Tronco Sagrado dos kuarups, rito de reverência aos mortos. O pajé surgiu no toten sagrado desenvolvido pelas mãos do artista Juarez Lima.
Vermelho
O boi-bumbá Garantido encerrou ontem o 39º Festival Folclórico de Parintins mostrando um espetáculo de brilho, tecnologia e muita criatividade dos artistas da Baixa do São José.
Essa, aliás, foi a marca das três noites em que o boi defendeu o tema Amazônia, Pátria Verde.
Nos dois primeiros dias o destaque ficou para as apresentações do dublê de cinema norte-americano Eric Scott, cuja máquina voadora encantou o Bumbódromo. No dia 28, ele apareceu como um Deus indígena invocado pelo pajé André Nascimento. Na segunda noite ele foi o Deus Ind Kammi do Ritual Mítico de Criação do Mundo Batra Maku.
Outro grande momento do Garantido no dia 29 foi a alegoria da Figura Típica Regional, quando contou a história das crianças pescadoras de doações que habitam comunidades do estreito de Breves, município paraense. Obra do artista Marialvo Brandão, a alegoria encantou pela grandiosidade do barco Comandante Raul Góes Filho, ex-presidente do bumbá falecido neste ano. Trazendo a viúva de Raul, Ray Góes, o irmão dele,o Procurador Geral da Assembléia Legislativa do Estado Vander Góes, e todo o staff de compositores, o barco foi a sensação e emocionou a galera.
Na última noite, a galera se emocionou logo de cara com a belíssima Celebração Folclórica, que botou na arena vários boizinhos coloridos inspirados no bumba-meu-boi nordestino, origem da brincadeira que existe em Parintins desde da segunda década do século passado.
O último espetáculo do festival encerrou com a encenação do ritual Macunaima e a Árvore da Vida, do lendário Macuxi, etnia que vive em Roraima.