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Garantido encerra Festival com emoções amazônicas

30/06/2004, Amazonas Em Tempo

Desenvolvendo um enredo que evidenciava uma brasilidade bem amazônica, e com a galera vermelha e branca fazendo sua parte nas arquibancadas, o Boi Garantido encerrou ontem o 39º Festival Folclórico de Parintins.

A associação folclórica criada em 1913 pelo pescador Lindolfo Monteverde, o Garantido recriou um mundo bem regional para mostrar ao mundo a Amazônia,Coração Brasileiro.

O Garantido trouxe como Celebração Folclórica o próprio Folclore Brasileiro, com um retorno às raízes nordestinas do bumba-meu-boi e uma incursão pelo nascedouro do boi-bumbá de Parintins, onde Lindolfo Monteverde teve participação vital.

O índio, o negro e o branco transfigurado no caboclo, no mestiço, que tanto contribuíram para a formação cultural do País, foram destacados através de alegorias gigantes. No centro, um grande coração abriu-se e trouxe o Boi Garantido que foi cercado pelos lanceiros da Vaqueirada.

Macunaíma e a árvore da vida foi a Lenda Amazônica que o vermelho mostrou na despedida. A postando novamente na grandeza de suas alegorias, o Boi levou para a arena um Macunaíma articulado que alegrou os torcedores no Bumbódromo.

A Figura Típica Regional foi o Romeiro de São José, que caracteriza, com muita propriedade, a religiosidade da Amazônia e particularmente, em Parintins, uma herança de catequese jesuíta-carmelita.

A toada Amazônia Coração Brasileiro, de autoria de Cézar Moraes e Márcio Azevedo, emocionou e fez a galera vermelha e branca ficar ainda mais animada para a conquista do título do Festival deste ano.

O encerramento do Boi foi com o Ritual Indígena Universo Mítico Xavante, com o povo verdadeiro dos xavantes (Auwê Uptabi) que vivem no Mato Grosso, em total de 12 mil pessoas divididas nos clãs Poreza: õno (girinos) e Wawê (Água Grande).

A identidade Xavante foi mostrada, como por exemplo os brincos de madeira usados pelos homens que representam a origem do povo. Segundo a mitologia, os dois primeiros Xavantes desceram por um arco-íris e fizeram o primeiro par de brincos que se transformaram nas duas primeiras mulheres, dando origem, assim, aos Auwê Uptabi.

Antes do ritual Waiá, foram os meninos Xavantes que passaram por outras cerimônias de iniciação como a dança dos padrinhos (Tanhohuiwa), a dança do sol (Pahoriwa), a dança da lua (Têbe), a corrida da tora de buriti (Wiuêde) e o momento quando as orelhas sofreram furos (Daporedizapu) visando relembrar a origem do povo Xavante.

 

Caprichoso faz saudação ao índio brasileiro

O Boi Bumbá Caprichoso fez ontem, na última apresentação do 39º Festival Folclórico de Parintins, uma bonita homenagem ao índio brasileiro.Primeiro a se apresentar na arena, o boi comemorou também em Amazônia, Chão Brasileiro, subtema da noite, o aumento da população indígena dos Waimiri-Atroari, que de 240 índios chegou ao milésimo índio nascido.

O pajé Waldir Santana, que se despediu este ano da arena do Bumbódromo, se transformou no grande cacique da tribo e conduziu as demais à arena. Era o início da apresentação da noite tribal do bumbá, dando uma pequena mostra do que ainda estaria por vir. Juntas, as tribos (Pianacotó,Yanomami,Saterê-Maué, Mundurucu, Assuriní, Caxuiana, Tirió e Suiá) e o pajé dançaram ao som da toada Ibirapema. Enquanto isso,a galera do boi, na arquibancada começava a dar seu show, formando com pompons verdes, amarelos e azuis e brancos, a Bandeira do Brasil.

A primeira alegoria da noite do boi Caprichoso, a Canoa da Esperança (alegoria do artista plástico Karu Carvalho) entra na arena do bumbódromo trazendo a índia e o índio Waimiri-Atroari, ao som da toada Boi Estrela II (dos compositores Mailzon Mendes, Alex Pontes e Marcelo Reis), cantada pelo levantador de toadas do boi, Robson Júnior. Junto com ela, entra na arena a tribo Waimiri Atroari,uma das homenageadas da noite.

O Caprichoso iniciava assim o seu momento tribal da noite, propondo reflexão para a causa indígena. E dos seios da índia Waimiri-Atroari brotaram o leite, como sinal de vida e de procriação da raça humana. A Cunhã-Poranga, Jeane Benoliel, que se despedia do item na arena do bumbódromo (vai se dedicar ao curso de Comunicação e a carreira de repórter), em sua primeira aparição surge da grande canoa ao som da toada Criatura de Tupã.

Nas mãos da galera do Caprichoso (nas arquibancadas), em noite de grande animação, surgem tacapes.E na arena, Cunhã-Poranga e Pajé fazem apresentações e evoluções aos jurados.

Momento Folclórico

O momento folclórico do Caprichoso começou com a entrada na arena do Penteão Amazônico, uma grande Oca, que girando, para surpresa de todos, conduziu para a arena a Porta-Estandarte, Lucenize Moura (representando o soberano mundurucu); a Rainha do Folclore, Daniela Monteiro (representando o sincretismo religioso); o Amo do boi, Renato Freitas; o Boi Caprichoso, em sua primeira aparição; e a Sinhazinha da Fazenda, Adriane Viana.

Pescador ribeirinho

Um dos momentos mais bonitos na apresentação e do bumbá foi a chegada do Touro Negro (o Boi Caprichoso) nas garras do Gavião Real. A galera do Caprichoso foi à loucura, interagindo com a evolução do boi na arena, sob o comando do apresentador Arlindo Jr.

O pescador ribeirinho do Amazonas Foi lembrado pelo bumbá no item Figura Típica Regional, numa das mais bonitas alegorias da noite, confeccionada pelo artista plástico Helton Campos. Nesse item o Caprichoso encenou a expulsão dos intrusos e transformou do momento a segunda aparição do Boi, o dono maior da festa.

A lenda Amazônica do Boi Caprichoso levou para a arena a alegoria Coacy Beija-Flor, de autoria de Ito Teixeira, numa segunda aparição da Cunhã-Poranga, Jeane Benoliel, representando a índia Coacy. Nessa alegoria os tuxauas saíam dos troncos das árvores.

O Caprichoso fechou sua noite apoteótica na corrida pelo bi-campeonato apresentando o ritual Kuarup O Tronco Sagrado, do artista plástico Juarez Lima. Fechava assim a sua apresentação do bumbá que fez uma bonita reverência aos mortos, marcada também pela despedida do pajé Waldir Santana, visivelmente emocionado, da arena do Bumbódromo.