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Entrevista: Sidney Rezende

20/04/2005, R. Umpierre, de Parintins.com

Sidney Rezende é compositor, músico e produtor. Desde 1998 assina a produção dos cds oficiais do Garantido, ao lado de Fred Góes. Hoje tive a oportunidade de entrevistá-lo em sua passagem por Manaus, vindo de uma excursão por várias cidades do nordeste.

Parintins.com - Sidney, na última vez que conversamos, durante a gravação do cd do Garantido, você me disse que iria fazer uma turnê de shows pelo nordeste. Fale um pouco disso.

Sidney Rezende - A viagem tem a ver com o meu lado MPB. Assim que terminei de dirigir a gravação dos metais e backing vocals do cd Garantido 2005, eu saí em viagem pelo Projeto Pixinguinha, patrocinado pela FUNARTE, junto com Márcia Siqueira.

P - Como aconteceu essa turnê?

SR - Nós ensaiamos 2 dias no Rio de Janeiro e depois viajamos para fazer os shows. O primeiro foi em Salvador, público seleto, num teatro. Os músicos que participaram do projeto foram a Joyce, cantora carioca já bem conhecida em todo Brasil, Sérgio Santos, de Minas Gerais, Maurício Maestro, do Boca Livre, Tuti Moreno, na bateria, o tecladista André Nehmari, de São Paulo. E a Márcia Siqueira. Ela participou junto com mais de 20 músicos altamente conceituados, aqui em Manaus, para participar do Projeto Pixinguinha. A Márcia venceu e me convidou para participar. De quebra, ela cantou 4 músicas minhas: "Amazonas sonha Brasil", "Dança", "Maria Terra" (em parceria com Ana Terra, poetisa carioca que tem músicas com Milton Nascimento) e "Serpente de rio", uma parceria minha com o poeta manauara Rui Machado.

P - Em quais cidades vocês estiveram?

SR - Primeiro fomos para Salvador, depois fizemos shows em Aracaju, Maceió, Recife, João Pessoa, Natal e Fortaleza. Viajávamos um dia e no dia seguinte fazíamos show. Participaram da equipe 3 técnicos, 2 de áudio e um de iluminação. Em cada cidade que chegávamos, a Secretaria de Cultura já estava nos aguardando. A Márcia foi o artisma mais aplaudido emtodos as cidades. Despois do Boi, vamos voltar a Natal e Fortaleza, em projetos do SESC e do Banco do Brasil. Estamos também enviando material para gravadoras de São Paulo e do Rio, como Atração, Biscoito Fino, Rob Digital, para finalmente a Márcia gravar um cd com distribuição nacional.

P - E Parintins?

SR - Viajo amanhã para Parintins, onde moro, para fazer os ensaios. Vou assumir o meu lado boi-bumbá. Estou de malas prontas. Estou me preparando para a Alvorada do Boi, dia 1º de maio e depois para o lançamento do cd oficial do Garantido. Só agora estou escutando o disco pronto e estou gostando muito. Quando viajei, o Fred Góes ainda estava gravando a voz principal, do David Assayag, e as vozes de multidão (galera), fazendo mixagem e masterização. O resultado foi muito positivo, conseguimos colocar 22 toadas, elas têm um sabor novo, estão com uma cadência muito forte, arranjos modernos e a essência de sempre, que o Garantido prima em preservar.

P - Como você faz para sempre renovar, uma vez que as toadas falam de temas que se repetem, ano a ano?

SR - As toadas por si só já dão a tônica. Se o compositor não se preocupar em mostrar bem a sua toada, a toada não vai para o disco. A partir daí nós já temos a diferenciação. A nossa concepção (minha e do Fred Góes) de produção musical vem sendo desenvolvida com um conjunto de músicos que está junto há 8 anos, gravando cada vez melhor. Nossa sistemática de gravação de toadas é profissional, a gente já se entende, 8 anos de trabalho não é de se jogar fora. E é uma produção democrática, sabemos ouvir as sugestões de nosso time de músicos e técnicos. Sinto que para 2006 vamos ter modificações para melhor na produção do disco. Hoje estamos trabalhando com valores defasados há 5 anos, por amor ao Boi.

P - E os patrocínios que estão diminuindo não prejudicam a produção do cd?

SR - O patrocínio deste ano saiu de um particular, o Carlos Taveira, que assumiu a produção do cd. Os direitos autorais conexos, direitos de vendas, etc. serão pagos posteriormente em negociação entre compositores, distribuidores, ECAD e a própria Coca-cola.

P - O Governo do Estado do Amazonas não investe na produção do cd do Boi, uma vez que as toadas são um item importante na divulgação do Festival?

SR - Eu sinto que deveria haver uma atenção maior do Governo do Estado, com uma mídia melhor para o Boi. Espero que isso venha a melhorar em um futuro bem próximo.

P - Você participa da escolha das toadas que entram no cd?

SR - Não. Uma equipe de umas 20 pessoas, entre o presidente do Boi, diretores e a comissão de artes faz isso.

P - E a divulgação do cd?

SR - Eu, como músico, sinto que a gente precisa movimentar os meios de comunicação. Existem leis que podem nos beneficiar. E existe o problema do jabá.

P - O que é jabá?

SR - As rádios não tocam toadas de boi, a menos que se pague o DJ da rádio, às vezes o dono da rádio, para divulgar a música. O boi tem uma despesa muito grande. Aquela apresentação toda não sai por pouco, se gasta muito dinheiro. Então o Boi não paga jabá para as rádios e aí elas não tocam as toadas. Não sei como se resolve isso, mas estou esperançoso de que isso melhore no futuro.