20/09/2005, Jonas Santos
Dois candidatos e uma só proposta: abater o Garantido e conquistar o título de campeão do Festival Folclórico de Parintins. à empresário Carmona Oliveira, 45, e o professor Ray Viana, 57,disputam a eleição para a presidência do boi Caprichoso,que será realizada no próximo domingo, dia 25, priorizando o que a galera azul e branca mais reclama, que é vencer o contrário.
Nos últimos seis festivais, o Caprichoso levantou o troféu apenas uma única vez, em 2003, contra cinco vitórias do rival vermelho. O pleito vai reunir um universo de 713 sócios, que votam em Parintins a 325 quilômetros da capital e em Manaus. Aeleição será presidida pelo~ promotores de Justiça , Fábio Monteiroe André Seffair.
Presidente, pé quente é a bandeira de luta que Ray Viana, levanta como trunfo junto aos associados, baseado no fato de ter ocupado o cargo de presidente por cinco ocasiões e nas cinco vezes ter sido campeão na arena do, Bumbódrómo.O boi tem de ser, acima de tudo, organizado. O reflexo da organização é o que o bumba representa na arena. Quero o Caprichoso forte, res peitado e competitivo, ressalta Ray, que é filho do saudoso curador Waldir Viana.
Carmona Oliveira, da chapa Caprichoso de todos nós, que já foi vice-presidente é diretor administrativo da agremiação, tem argumentos semelhantes e advoga que o título virá com a união dos integrantes do bumbá. Queremos trazer de volta o padrão de qualidade, que é a marca do nosso boi, e torná-lo competitivo para vencer o festival. Me organizei para ser candidato com planejamento e organização. É assim que penso trabalhar o azul, enfatiza.
Os presidenciáveis promovem o corpo a corpo com visitas e reuniões nas residências dos torcedores. Diferente do rival, cuja maioria dos votos sobressai dos descendentes do fundador Lindolfo Monteverde, no Caprichoso os candidatos buscam fechar compromisso logo com as famílias tradicionais, onde o número de eleitores é considerável. Os programas dos candidatos nas rádios dão o tom da campanha. Contudo, observa-se
Apoio
Carmona recebe apoio de um grupo que virou referência no azul. Adesão como do ex-presidente Joilto Azedo, que goza de grande prestígio entre os torcedores. Viana diz que tem na maioria dos simpatizantes o voto da velha guarda, citando como exemplo o do ex-padrinho do boi, Acinelcio Vieira. Mas para entrar na disputa de um cargo tão importante, que chega até a sobrepor a imagem do prefeito, os concorrentes devem ter bala na agulha, uma frase de efeito que se usa no meio político, quando se relaciona ao montante em dinheiro que será gasto na campanha.
Os cientistas políticos prevêem que os gastos em uma campanha bovina cheguem a R$ 300 mil, teoria que é negada pelos presidenciáveis. Esse valor teria influência numa estratégia iminente de compra de votos. O envolvimento de políticos de Manaus e Parintins com interesse na eleição do bumbá azul também é um questionamento que os candidatos repelem. Não quero apoio de nenhum político, nem de prefeito e nem de governador. A minha campanha é simples, conduzida na humildade. Não estou fazendo derramamento de dinheiro. Vou precisar do apoio das autoridades, sim, depois da eleição, para construir a administração do bumbá, afirma Ray Viana. Eu me preparei para ser presidente do Caprichoso. Trabalho na base da organização. Eu tenho amigos que estão colaborando com a minha campanha. São comerciantes, torcedores, gente do povo que marca reunião e eu vou sem dar nada em troca, assegura Carmona Oliveira. Nas ruas, outdoors, bandeiras e cartazes mostram uma campanha acirrada até na disputa do espaço publicitário. As associações folclóricas administram recursos da ordem de R$ 7 milhões.
Oposição já final
Ele teve o mandato prorrogado pelos sócios e ficou durante três anos na presidência. César Oliveira, em 2003, conseguiu quebrar a hegemonia do contrário, resgatando o título do Festival Folclórico. O seu perfil foi de um presidente audacioso, que apostou nas mudanças, como ferramenta essencial para derrotar o adversário. De uma só vez substituiu seis dos oito itens oficiais. Um dos novos personagéns foi Júnior Paulain, de 17, anos, que estreou derrotando o irmão, Israel, apresentador do Garantido. Contudo, sofreu desgaste no meio artístico, que resultou em uma greve de galpão, às vésperas da festa. Enfrentei uma oposição de quem estava fora do processo, que refletiu na administração e teve como conseqüência à apresentação do boi na arena. Essa maneira de pensar, que é de prejudicar quem esta administrando a associação folclórica, precisa mudar porque o boi só tem a perder. A eleição do boi vai acontecer domingo. E eu vou ficar aqui, à disposição do novo presidente, para contribuir no que for preciso. E o dirigente dá a receita para o comando: a união para a vitória.