01/05/2004, Jonas Santos/A Crítica
No começo da primeira década do século passado, o mais famoso cancioneiro e repentista da Ilha de Parintins, Lindolfo Monteverde, difundia aos quatro cantos da cidade as rimas dos desafios, batizadas como toadas, que mais tarde se tornariam a identidade maior do regionalismo musical do Estado.
Dos idos de 1913, data de fundação dos bois Garantido e Caprichoso, ao lugar de destaque que o evento alcançou, a toada ganhou célebres compositores. Jota Carlos Portilho, Carlos Paulain, Ronaldo Barbosa, Alceo Anselmo, que defendem a bandeira azul e branco e Braulino Lima, Emerson Maia, Inaldo Medeiros, Tadeu Garcia, e Paulinho Du Sagrado representando o boi vermelho e branco, são alguns dos poetas que os bumbás consagraram. Sem esquecer Chico da Silva, que conseguiu um feito surpreendente: ser querido entre os contrários. Mas a última safra de compositores revelou talentos do nível de Ademar Azevedo, 29, no Caprichoso e Demétrios Haldos, 24, no Garantido. Há pelo menos cinco anos, os dois juntos conseguem emplacar uma média de oito a dez toadas a cada Festival Folclórico de Parintins. Sem apresentar nenhuma obra em 2003, Ademar deixou no CD oficial deste ano, cinco toadas, das quais a maioria foi criada em parceria com o parceiro David Jerônimo. Com a premiação do dinheiro das toadas, que explodiram a partir de 1999, o compositor investiu na compra de uma fazenda e hoje tem uma pequena criação de gado com 250 cabeças.