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Estratégia Magalhães

13/03/2005, Flávio de Oliveira, de Brasília-DF, é colaborador deste site

Os amigos dizem que vivo só o Caprichoso, mas não é verdade. Continuo torcedor do Botafogo e apreciador do carnaval do Rio. Portanto, ainda não mudei de dona ou de curral.

Nesse carnaval varei madrugada vendo na TV o desfile das Escolas de Samba. Conforme a maioria, debandei-me para o lado da Unidos da Tijuca, Beija-flor de Nilópolis e Imperatriz Leopoldinense, embora minha escola seja o Salgueiro, que fez um belo e inovador desfile.

A Imperatriz ficou incomodando na minha cabeça, sem nenhuma razão específica, a não ser pelo desfile impecável, desses que facilita a vida dos jurados e cumpre rigorosamente o regulamento. O êxito alcançado pela escola teve a mão da carnavalesca Rosa Magalhães, que se notabiliza por realizar desfiles técnicos.

Faz tempo que observo o Garantido usando e abusando do que chamo Estratégia Magalhães, ou seja, induzindo o julgamento dos jurados e fazendo apresentações rigorosamente dentro do regulamento, que, assim como no caso da Imperatriz, resulta em exibições cautelosas, repetitivas e monótonas. Mas muito eficientes, disso não resta dúvida.

A Estratégia Magalhães rende mais em apresentações de longa duração. O Garantido tira sempre boa vantagem dessa estratégia, especialmente quando é o primeiro a se apresentar.

Daí entender as razões do Caprichoso em lutar para restringir o tempo de apresentação, enquanto o contrário faz força para mantê-lo ou até alargá-lo. Atualmente são três horas de apresentação. Daqui a pouco, serão cinco, cinco horas e meia, ou seis, quem sabe.

Apresentações cansativas demais costumam esvaziar o bumbódromo pela metade, porque, quem é Caprichoso, vê exclusivamente Caprichoso; quem é do contrário, vê o contrário e, em seguida, vai embora. As galeras têm alguma culpa? De jeito nenhum.

A insensibilidade das diretorias dos bumbás é digna do Troféu Berzoini de Crueldade. É uma atitude desumana obrigar as galeras a ficar por 18 horas no bumbódromo, a contar de dez horas da manhã, incluindo as seis horas de apresentação. Por isso, dou razão ao torcedor que se retira do bumbódromo após a exibição do seu boi de predileção.

Os críticos que apontam repetição de um lado e de outro deveriam levar em conta que é humanamente impossível não cair em repetição, dado um tempo exagerado de apresentação. Para efeito de comparação, cito os exemplos do futebol, cuja partida dura 1h50, somados intervalo e correspondentes acréscimos, e da sessão de cinema que, em geral, não ultrapassa 2h15 de projeção, para não correr o risco do filme fracassar na bilheteria.

Eis o que gostaria de dizer: se o Garantido algum dia acatar limitação de tempo para um mínimo de 2h15, por exemplo, ou um máximo de 2h30, nunca mais ganhará campeonato algum. A não ser que mude sua Estratégia Magalhães e crie condições para formatação de grandes espetáculos em tempo curto.


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