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Nota da Comissão Julgadora do Festival Folclórico de Parintins 2003 ao povo amazonense e suas autoridades

Foi com extrema felicidade que aceitamos o convite feito, em nome do governo do Estado do Amazonas, para participarmos como jurados do XXXVIII Festival de Parintins, envolvendo as Associações Folclóricas Boi Bumbá Caprichoso e Boi Bumbá Garantido.

Viajamos acompanhados pelos senhores Valfran e Marcan, representantes respectivamente do Boi vermelho e do Boi azul, até a cidade de Parintins. Desembarcamos no aeroporto e fomos diretamente ao Bumbódromo, onde já transcorria o discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, abrindo o evento.

Depois da apresentação das Associações Folclóricas, rumamos para o alojamento, sempre acompanhados pelos fiscais dos dois Bois. Éramos doze jurados. Para nossa surpresa, depois da maratona da chegada e da primeira noite de trabalho, constatamos não haver número suficiente de camas para toda a Comissão Julgadora. Somente por este motivo, diferentemente do que foi relatado nos periódicos locais e na transmissão da apuração, o coreógrafo e teatrólogo Ivaldo Bertazzo, membro do júri, partiu de Parintins na manhã de domingo.

A Secretaria de Estado da Cultura, através de seu titular, Robério Braga, junto com os representantes das Assoc. Folclóricas, resolveu a questão da hospedagem na tarde de domingo, segundo dia do Festival. Importante frisar que sempre contamos com o apoio e a solicitude dos fiscais do Garantido e do Caprichoso, senhores Valfran e Marcan, que tudo fizeram para resolver os problemas por nós enfrentados. Também pudemos contar com o amparo idôneo de outros integrantes dos Bois Bumbás, as senhoras Alessandra e Milena, pela entidade vermelha, e as senhoras Sinatra e Carliete, pela equipe azul.

Qual não foi nossa surpresa ao assistirmos pela televisão, já no aeroporto de Manaus, cada qual retornando aos seus respectivos Estados, às cenas de tentativa de impugnação de um dos membros da Comissão Julgadora, a socióloga Astréia Soares. A fotografia arrolada como prova de vinculação entre a jurada Astréia e a representante do Caprichoso aconteceu nas dependências do restaurante do hotel, de forma pública, onde éramos acompanhados não apenas pelos diversos fiscais dos Bois como pelo presidente da OAB/AM, Dr. Ordenei Valente.

A situação se tornou ainda mais grave e surpreendente quando o presidente do Garantido passou a apresentar as notas referentes ao desfile do dia 29 de junho, dadas pela jurada Astréia Soares, para as Assoc. Folclóricas. Indagado por um jornalista de A Crítica sobre a maneira através da qual obtivera as notas da jurada, o presidente do boi vermelho tergiversou sem apresentar resposta objetiva.

Como profissionais reconhecidos pela qualidade e ofício, gostaríamos de registrar nosso repúdio à forma intempestiva como tentou-se macular a conduta da jurada Astréia Soares sem, no entanto, apresentar qualquer indício sério que pudesse estabelecer veracidade ao ataque perpetrado pelo presidente do Boi Garantido. Não se pode deixar de reafirmar que essas denúncias trouxeram verdadeiro prejuízo ao nome da referida jurada, pois que as acusações ficarão registradas sem possibilidade de qualquer reparação, uma vez que foram veiculadas pelos jornais locais, pela televisão e por meio de sites de internet, podendo ainda ter desdobramentos futuros.

Acreditamos que a avaliação realizada pela Comissão Julgadora procurou ser a mais profissional e isenta de paixão sectária. Nossa emoção foi tocada inúmeras vezes, é verdade, mas foi pela qualidade do espetáculo, pelo trabalho nos currais, através da voz dos seus levantadores de toadas e da vibração de suas galeras, enfim, pelo amor que cada integrante demonstrou na defesa de seu Boi.

Lamentamos a triste atitude do presidente do Boi Bumbá Garantido. Talvez o conselho do compositor Francisco Santana, de Oswaldo Cruz, bairro carioca, sirva à reflexão: Ganhar todo mundo sabe, sorri e sente prazer, mas o bonito é saber perder!

Agradecemos ao povo de Parintins e às Associações Folclóricas Boi Bumbá Caprichoso e Boi Bumbá Garantido pela oportunidade de presenciarmos uma grande manifestação da força da cultura popular.

Em 11 de julho de 2003.