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Precisam-se Roques e Lindolfos

25/07/2005, Flávio de Oliveira, de Brasília-DF, é colaborador deste site

Santos Futebol Clube e Robinho estiveram à beira de um ataque de nervos desde o retorno do jovem atacante da Alemanha, onde ajudou a Seleção Brasileira conquistar a Copa das Confederações. Robinho disse não tenho mais cabeça para jogar no Santos. Um monte de milhões de dólares pode virar a cabeça de qualquer jogador. Ouço pelo rádio que o procurador depositou US$ 30 milhões na conta bancária do Santos e a novela terminou: a partir de agosto Robinho envergará a camisa do Real Madrid, da Espanha.

Raríssimos atletas alcançaram a condição de ídolos eternos da torcida. Cito Pelé, Nilton Santos, Zico e Rogério Ceni como exemplos de atletas profissionais amplamente identificados com a camisa de seus clubes. Robinho desagradou a torcida santista quando abandonou os treinamentos e forçou o rompimento unilateral de seu contrato. A partir daí, a popularidade do atleta despencou. A mesma torcida que o beijara, passou a apedrejá-lo com o refrão: - Vaza, Robinho!

Futebol e bumba-meu-boi têm vários pontos em comum, a exemplo de orçamentos milionários e fanatismo dos torcedores. Diz-se que a produção do embate folclórico entre bumbás em Parintins está orçada em R$15 milhões. Os contratos de patrocínio do Festival atingem altas cifras. O Governo do Estado aporta grandes recursos. Afinal, trata-se de um espetáculo digno de Chefes de Estado e cabeças coroadas realizado em plena floresta amazônica.

Dada a abundância de suas fontes, os bumbás pagam a peso de ouro artesãos e materiais empregados nos barracões . Tendo conhecimento da época em que os bumbás obrigatoriamente irão a mercado, atacadistas de armarinhos e adereços restringem o crédito e elevam os preços visando a obtenção de lucros extraordinários.

Comerciantes e trabalhadores agem como se a burra dos bumbás fosse inesgotável, não admitindo atraso nos pagamentos. Se for o caso, ameaçam greve, cortam fornecimento de materiais, promovem empate para que as grandes alegorias não saiam dos barracões, podendo recorrer a práticas terroristas injustificáveis.

Os bumbás Caprichoso e o Garantido são tratados por comerciantes e trabalhadores como se fossem grandes empresas, tipo Volkswagen, PETROBRÁS ou Vale do Rio Doce. A fundação do Sindicato de Profissionais de Arte e Folclore de Parintins - SINPROARTE, filiado à Força Sindical, não soaria surpreendente. Em realidade, ninguém mais trabalha de graça para os bumbás porque a comunidade dos artistas é formada de profissionais. Foi-se o tempo no qual Roque Cid e Lindolfo Monteverde militavam por seus bumbás com dinheiro do próprio bolso.

Contrariando o profissionalismo que viceja no campo do comércio e da mão-de-obra, a gestão administrativa e financeira e o Marketing dos bumbás permanecem estacionárias num amadorismo exasperante. Nesse terreno talvez se encontre a raiz dos crescentes problemas sociais e econômicos enfrentados pelas Diretorias do azul e do vermelho, ano após ano, a partir de 1999.

Esse ano o Presidente César Oliveira disse da extrema dificuldade que teve em colocar o Caprichoso em nível de competição na arena. A despeito disso, o touro preto chegou perto de vencer o campeonato em 2005, pois as apresentações da segunda e da terceira noite, com os naturais imprevistos, honraram a tradição de grandes espetáculos do Boi de Parintins.

O Caprichoso tem eleições para Diretoria em setembro próximo. A insolubilidade do passivo financeiro ameaça a existência do bumbá Estrela do Brasil. O momento é de ponderação, diálogo e transparência. O bom senso recomenda acolher de bom grado todas as iniciativas de ajuda, venham de onde vier. A formação de chapa única pode contribuir para amalgamar facções adversárias e prevenir desgastes desnecessários. Não há dúvida de que iniciar o processo de transição o mais breve possível facilitaria o planejamento da temporada 2006 de modo a barrar o tri-campeonato do contrário.



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