15/05/2004, Jonas Santos/A Crítica
Quase todas as meninas que nascem em Parintins acalentam o sonho de vir a ser cunhã-poranga ou qualquer outro personagem feminino da saga representada por Garantido ou Caprichoso durante três dias de espetáculo do festival folclórico que acontece em junho. A cultura do lugar, impulsionada pela brincadeira do boi sob o ritmo das toadas, faz com que essa idéia esteja sempre presente nos planos das parintinenses desde o berço.
Marjorie Azevedo, 20 anos, confirma essa "vocação". Dona de um rosto marcante e de um corpo escultural, ela não esconde a vontade de ser convidada para simbolizar a mulher mais bonita da tribo no boi Garantido. "Se eu fosse a cunhã-poranga estaria realizando um sonho de criança", admite Marjorie.
Na esperança de serem eleitas, as potenciais candidatas investem o quanto podem para se enquadrar nas exigências feitas às que ocupam o posto de item feminino do bumbá. Isso significa estar de paz com os ponteiros da balança para garantir uma boa plástica e ginga no bailado às custas de muitos ensaios para fazer bonito na hora que o boi estiver evoluindo pela arena. "Ao meio-dia estou na academia. Gosto de me cuidar", diz Marjorie. São 53 quilos distribuídos em 1,66 metro de altura. "Estarei sempre pronta a servir o Garantido, se tiver um dia de ser a cunhã-poranga ou a rainha do folclore", revela.
Aos 15 anos, Vivian Lima, de origem japonesa, exibe cabelos lisos e olhos cor de mel, além de belas curvas. Ela diz que alimenta o sonho de ser a porta-estandarte do boi Caprichoso. "Prefiro representar a porta-estandarte do Caprichoso porque é o item que leva a bandeira do boi. Isso para mim tem um significado muito importante", comenta Vivian, que há três anos integra o grupo de dançarinos do boi.